- Atualizado há 11 horas
Cinco dias após ser empossado para o segundo mandato, o prefeito de São José (SC), Orvino Coelho de Ávila, nomeou o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, para chefiar a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação.
À frente da pasta, Vasques, que é formado em economia, administração e direito, responderá pelo desenvolvimento e coordenação de políticas públicas destinadas a impulsionar o crescimento e a diversificação econômica da cidade de cerca de 270 mil habitantes.
Para receber as principais informações do dia pelo WhatsApp entre no grupo do Portal Nosso Dia clicando aqui
Localizado na região metropolitana de Florianópolis, São José é o quarto município mais populoso de Santa Catarina. Segundo a prefeitura, entre os objetivos da secretaria chefiada por Vasques está o fomento a parcerias com o setor privado e o apoio ao desenvolvimento de empresas locais.
Ex-policial rodoviário federal, Vasques comandou a PRF entre abril de 2021 e dezembro de 2022, durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro. Foi exonerado do cargo um mês após a Justiça Federal transformá-lo em réu em uma ação de improbidade na qual o MPF o acusou de se valer do cargo de diretor-geral da corporação para tentar favorecer Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.
Em agosto do ano passado, a Polícia Federal (PF) indiciou Vasques e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, ao qual a PRF estava subordinada, por suspeita de tentarem impedir o deslocamento de eleitores no Nordeste, durante o segundo turno do pleito de 2022.
De acordo com a PF, Vasques e Torres deram ordens ilegais e atuaram para que policiais rodoviários federais realizassem operações, montando blitze de forma a dificultar o trânsito de eleitores da Região Nordeste, onde o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva liderava as pesquisas de intenção de votos, superando Bolsonaro, que concorria à reeleição.
Na véspera do segundo turno, o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a PRF de fazer operações que atrapalhassem o trânsito de eleitores em todo o país. A determinação, contudo, foi descumprida, o que levou Moraes a determinar a prisão preventiva de Torres e Vasques.
O ex-diretor da PRF passou um ano detido, de agosto de 2023 a agosto de 2024. Ele e o ex-ministro sempre negaram o uso indevido da máquina pública.
Em março de 2024, o MPF denunciou Vasques e mais sete pessoas pela suspeita de fraude em licitações e contratos referentes à compra de 15 viaturas operacionais blindadas, popularmente conhecidas como “caveirões”, por R$ 13 milhões. Adquiridos em 2020, os veículos foram destinados à Superintendência da PRF no Rio de Janeiro, então chefiada por Vasques.
Com base em relatórios técnicos do Exército e do Tribunal de Contas da União (TCU), o MPF sustentava que os blindados entregues à superintendência não estavam aptos a operar no território fluminense, não sendo capazes, por exemplo, de subir ladeiras. Além disso, a blindagem das unidades não seria condizente com os parâmetros de segurança operacional contratados. A Justiça Federal no Rio de Janeiro rejeitou a denúncia em junho de 2024.
Consultada pela Agência Brasil, a prefeitura de São José justificou a nomeação, destacando que, além da formação acadêmica e experiência profissional, Vasques nasceu na cidade e conhece bem as demandas locais.
“Com uma carreira vitoriosa na PRF e um currículo extenso, ele reúne a experiência e as competências necessárias para liderar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação. A Prefeitura de São José acredita que Vasques vai contribuir muito com o desenvolvimento da cidade”.
O secretário não comentou as denúncias a que responde na Justiça.
*Com informações da Agência Brasil