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Eventos extremos no Sul do Brasil podem ficar 5 vezes mais frequentes até 2100, aponta estudo

A região tem enfrentado tragédias às questões climáticas nos últimos anos
Foto: Roberto Dziura Jr/AEN
A região tem enfrentado tragédias às questões climáticas nos últimos anos

Estadão Conteúdo

28/11/25
às
16:17

- Atualizado há 25 segundos

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O Sul do Brasil deve registrar um aumento no número de eventos extremos ao longo deste século, aponta o estudo “Impacto da mudança climática nos recursos hídricos do Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA).

A região tem enfrentado tragédias às questões climáticas nos últimos anos. Em 2024, o Rio Grande do Sul sofreu a pior enchente de sua história, com 185 mortos e 2,4 milhões de afetados.

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No início deste mês, a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, foi atingida por um tornado que deixou sete mortos e mais de 700 feridos. Desde o último sábado, 22, o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, enfrenta as consequências de chuvas intensas que afetaram pelo menos 33 municípios.

Impactos e probabilidade

O material prevê que o aumento dos eventos raros, cujo tempo de retorno é de 100 anos, será mais intenso do que o dos eventos frequentes, que têm tempo de retorno de até 10 anos.

O tempo de retorno é o período estatístico que indica a probabilidade de um evento extremo ocorrer – ou seja, a frequência com que ele pode se repetir. O conceito é usado para dimensionar obras hídricas e mapear riscos.

Potencial destrutivo

O crescimento das vazões máximas dos rios também deve intensificar as cheias. O Paraná enfrenta as piores projeções, com possibilidade de aumento de até 18% nas cheias frequentes e de 25% nas raras. Em Santa Catarina, o crescimento estimado é de 17% para ambos os tipos, enquanto no Rio Grande do Sul as frequentes devem aumentar 14% e as raras, 13%.

Segundo as projeções, esse aumento pode elevar o nível das cheias em até três metros em regiões de serra e entre 50 centímetros e um metro em regiões planas.

“A área inundada e a população afetada em cheias extremas seriam maiores, além do potencial acréscimo de destruição pelo escoamento da água com maior velocidade e profundidade” diz o estudo, organizado pelos pesquisadores Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, Walter Collischonn, Saulo Aires de Souza e Alexandre Abdalla Araujo.

Essa situação pode fazer com que cheias extremas se tornem mais frequentes. “Isso significa que, por exemplo, um evento extremo que atualmente ocorre, em média, a cada 50 anos, no futuro poderá ocorrer, em média, a cada 10 anos, aumentando seus impactos negativos”, explica o relatório.

Rio Grande do Sul

Entre os rios que devem registrar aumento das vazões máximas estão o Iguaçu e o Taquari. Os pesquisadores destacaram que regiões como o Vale do Taquari (RS) podem ter um aumento do potencial destrutivo das cheias, como já observado nos eventos de 2023 e 2024.

As chuvas máximas também devem aumentar na região, tanto no caso das chuvas rápidas, de até um dia de duração, quanto das chuvas longas, que duram até 20 dias.

No Rio Grande do Sul, as chuvas curtas podem subir 15% nas frequentes e a 18% nas raras. Para as chuvas longas, o crescimento previsto é de 10% nas frequentes e 11% nas raras.

Santa Catarina

Em Santa Catarina, o cenário é semelhante: as chuvas curtas podem aumentar 14% nas frequentes e 16% nas raras, enquanto as chuvas longas devem subir 11% e 15%, respectivamente.

Paraná

No Paraná, o aumento nas chuvas curtas deve ser de 12% nas frequentes e de 15% nas raras, enquanto as chuvas longas devem crescer 8,5% nas frequentes e 13% nas raras.

A precipitação média anual no Sul também deve aumentar até 10% ao longo deste século. No Rio Grande do Sul, crescimento pode chegar a 4,8%, e em Santa Catarina, a 4,7%.

O Paraná é o único Estado da região com previsão de redução – cerca de 2% -, tendência semelhante à observada no restante do País, onde a precipitação anual deve cair, com exceção do Ceará

Seca também deve aumentar

Apesar da projeção de aumento das chuvas, os períodos de seca também serão um problema. O déficit hídrico em relação à vazão mínima de referência deve aumentar 143% no Paraná, com estimativa de 10 dias de estiagem; 83% em Santa Catarina, com cinco dias; e 42% no Rio Grande do Sul, com três dias.

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