- Atualizado há 3 anos
Uma semana após ocuparem o Edifício João José Bigarella, no Centro Politécnico, estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) deixaram o prédio no começo da tarde desta quinta-feira (21). A saída ocorreu após três encontros entre representantes da Reitoria e dos estudantes, o último deles na noite de quarta-feira (20), quando os estudantes concordaram com a proposta apresentada na véspera pela administração central da universidade.
A ocupação aconteceu no dia 14 em protesto contra o anúncio de corte de R$ 1,6 bilhão nas universidades federais. No caso da UFPR, os estudantes alegam que foram mais de R$ 12 milhões cortados, afetando todos os setores. “Cursos como Geologia, Biologia, Geografia e Agronomia, cujas aulas de campo têm sido precarizadas por conta de constantes cortes há anos, deparam-se, agora, com o orçamento ainda menor, com a redução de sua duração e trajeto máximo, quando não de sua suspensão, como tem sido o caso de algumas aulas na Biologia”, diz o grupo que lidera o movimento.
A desocupação foi acompanhada por representantes da Reitoria, para verificação do estado do prédio, no qual nenhum dano foi constatado.
Durante as reuniões de negociação ficou definida a formação de duas comissões com participação de estudantes, professores e representantes da administração central da UFPR: uma para recebimento e acompanhamento de eventuais casos de descumprimento da resolução que determinou o retorno ao ensino presencial a partir de 14 de fevereiro, proibindo a realização de aulas remotas; e outra para acompanhar a execução do orçamento 2022 e a composição do orçamento 2023 para aulas de campo.
Esse era um dos principais temas da pauta dos estudantes, que foram informados de que não houve corte nominal nos recursos para aulas de campo e convidados a acompanhar mais de perto a execução desse orçamento.
“Os representantes da Reitoria destacaram que a UFPR tem destinado recursos próprios para manutenção de programas de assistência e apoio aos estudantes. Assim, foi uma das poucas universidades que não reduziu bolsas, além de ter mantido o preço da refeição nos RUs em R$ 1,30, valor que não é reajustado desde 1999”, destaca a instituição.
Ficou definido ainda que a UFPR reforçará as ações de apoio a estudantes na requisição de isenção de taxa de inscrição do vestibular, em complemento às medidas já tomadas para que todos os candidatos com esse direito dele usufruam. A UFPR já simplificou o processo, eliminando a necessidade de apresentação física de documentos, e ampliou o prazo para apresentar pedido de isenção.
Outra exigência do grupo – a convocação do Conselho de Planejamento e Administração (Coplad) para rediscutir o valor da taxa de inscrição no vestibular 2023 – acabou descartada depois que os representantes da Reitoria explicaram a inviabilidade da proposta. Além do aspecto prático (o fato de que as inscrições já começaram e já há centenas de inscritos), prevaleceu o entendimento de que uma nova convocação representaria desrespeito ao Coplad e ao processo democrático que preside as decisões na UFPR, abrindo precedente perigoso para deliberações futuras dos conselhos superiores.
A Reitoria assumiu com os estudantes ainda o compromisso de não promover qualquer tipo de retaliação contra os participantes da ocupação.