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Dizer que a primeira noite no Carnaval de Curitiba 2025, neste sábado (1/3), começou com clima de torcida organizada nas arquibancadas não é nenhuma alegoria. Isso porque a Leões da Mocidade abriu os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial com o apoio de uma torcida que trocou as arquibancadas do estádio pelas da “passarela do samba curitibano”, ao som do samba-enredo em homenagem ao centenário do Club Athlético Paranaense (completado em 2024).
Depois da Leões, campeã do Grupo de Acesso em 2024, se apresentaram Enamorados do Samba, Deixa Falar, Mocidade Azul e Acadêmicos da Realeza, todas com muito brilho, criatividade e alegria nos belos desfiles que invadiram a madrugada do domingo (2/3).
Entre os temas dos desfiles, as cinco escolas de samba homenagearam time de futebol, personagem literário e a própria cidade; ressaltaram práticas centenárias, como o benzimento e o aprendizado com passado a partir da sabedoria afro-brasileira.
“Vimos desfiles muito legais, o público bastante empolgado. Isso mostra que a determinação do prefeito Eduardo Pimentel em seguir investindo no Carnaval de Curitiba está valendo a pena. As famílias compareceram em peso”, destacou o chefe de gabinete do prefeito, Ricardo Andreazza.
O casal Jairo Besberger, 60 anos, e Denise Maria Alves, moradores do Prado Velho, assiste às escolas de samba curitibanas há 22 anos.
“Ainda insistem em dizer que curitibano é frio, não gosta de carnaval. É porque nunca vieram qui assistir aos desfiles e estão perdendo uma festa muito gostosa. Tem muita família, tem criança, tem segurança, só tem coisa boa”, disse Denise.
Entre as famílias nas arquibancadas, muitas eram de integrantes das escolas de samba. Como a Amanda, 6 anos, que ganhou uma vista privilegiada para a avenida: o pai, o motorista Thiago Oliveira, 38 anos, colocou a menina sobre os ombros. Assim, ela pode ver a mãe, Priscila, desfilar.
“Na nossa família, gostamos muito de carnaval. Este é o terceiro ano que minha esposa vem desfilar e todos vieram acompanhar” contou Thiago.
Além disso, as escolas investiram em ações de inclusão. A Enamorados do Samba, por exemplo, já tem, por tradição, uma ala dedicada a pessoas com deficiência e, este ano, escolheu uma porta-bandeira com Síndrome de Down.
Em uma das alas da Leões da Mocidade, desfilaram pessoas cegas ou de baixa visão atendidas no Instituto Paranaense de Cegos (ICP). Estreante no lado de dentro de um desfile de carnaval, o diretor do ICP, Enio Rodrigues da Rosa, disse que sentiu, desde a concentração até a dispersão, a energia do público.
“Sair em uma escola de samba é uma emoção muito diferente. Mesmo sem enxergar, é empolgante desde os trajes, ouvir o público, a bateria. Muito bom”, disse, acompanhado da companheira, a contadora Dilmara Wonsovicz.
A apresentação representou a riqueza cultural da cidade com muitas cores e símbolos como a gralha azul, a araucária, a Ópera de Arame e Jardim Botânico. Também fizeram uma bela homenagem aos garis, fundamentais na limpeza da cidade, que impressiona tantos os turistas.
Em seu terceiro desfile no grupo especial, a Deixa Falar celebrou as benzedeiras, com o samba-enredo “Benzer, um ato de fé, um canto de liberdade, cura e amor”. Em uma apresentação grandiosa, contou com 500 participantes. Entre eles, presença de benzedeiras conhecidas na cidade, além de dezenas de esculturas.
Em seu 53º carnaval, a Mocidade Azul entrou na Marechal já na madrugada do domingo e usou muito brilho e criatividade para apresentar seu samba enredo “Sankofa”, um conceito afro-brasileira que significa “voltar atrás para buscar o que esqueceu”, com o objetivo de não repetir erros do passado.
Fechando os desfiles, a atual campeã do carnaval curitibano, a Acadêmicos da Realeza, ousou com um desfile em duas etapas para o samba-enredo “O Essencial é Invisível aos Olhos”.
Na primeira parte, o foco é o personagem literário Pequeno Príncipe, protagonista do livro de Antoine de Saint-Exupéry; na segunda, é contada a história de outro Pequeno Príncipe: o hospital infantil da cidade, referência internacional em atendimento.