Por onde passam eles espalham sorrisos, bom humor, sonhos e gestos de afetos que curam. Esse impacto único do projeto “Especialistas da Alegria” – que tem a marca indelével da solidariedade e da esperança, e é desenvolvido em ambientes hospitalares, foi reconhecido, na noite desta quinta-feira (28), durante solenidade promovida na Assembleia Legislativa do Paraná, por iniciativa do deputado Fabio Oliveira (Podemos). 

Segundo o parlamentar, o momento era de celebrar e homenagear os “Especialistas da Alegria”, grupo de palhaços formado por voluntários, que acaba de completar 12 anos. Ele destacou que a presença e a animação deles, representantes de uma arte antiga e universal, transformam os corredores dos hospitais, causando um efeito especial no processo de recuperação, de cura dos pacientes. Oliveira, que durante a sessão usou uma despojada e colorida gravata borboleta, adereço comum entre os palhaços, frisou que os pacientes e seus familiares, passam por situações delicadas, enfrentando momentos de insegurança. O encontro com os “Especialistas da Alegria” acaba fazendo toda a diferença nos tratamentos: “Eles oferecem conforto para quem está nos hospitais”, elogiou.

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O compromisso de levar esperança é o que move, há mais de uma década, o voluntário Jefferson Bertoldi, o palhaço Dr. eNe, um dos fundadores do projeto, responsável pela coordenação das atividades. Emocionado com a homenagem, ele falou sobre a trajetória do grupo, que atua desde 2012 em Curitiba, e começou a escrever sua história a partir do encontro de propósitos de um pequeno grupo de amigos. A emoção estava refletida também no rosto e nas palavras da palhaça Drª Fófys (a Regiane Menin), que participa do projeto desde o início, em 18 de outubro de 2012. Ela ressaltou que a trupe de palhaços surgiu embalada por um desejo de desenvolver uma ação nos hospitais. A iniciativa foi crescendo, ganhando forma e hoje tem a missão de humanizar ambientes hospitalares por meio de intervenções artísticas que envolvem pacientes de todas as idades, familiares e profissionais da saúde. “Vocês não sabem a diferença que faz a presença dos voluntários. Muitos estão sozinhos num quarto de hospital”, contou.

Para a voluntária Flávia Bertoldi, a Drª Filó, diretora executiva do projeto, que também se emocionou ao relembrar diversos momentos dessa história e falar sobre os objetivos dos “Especialistas da Alegria”, os contatos com os pacientes, que ocorre com a promoção das inúmeras ações, representam uma verdadeira lição de vida. “Quero agradecer e admirar a coragem do deputado Fabio de colocar 31 palhaços neste Plenário”, brincou. “Cada um de vocês é uma peça única, que brilha e dá força para esse projeto”, disse, ao se dirigir aos presentes. “Atuamos num ambiente desafiador. Transformar a dor em sorrisos não é fácil”, frisou.

Os integrantes do grupo relataram que as intervenções – mais de 500 mil em 12 anos – são feitas em quatro hospitais de Curitiba. Nesse momento, os voluntários se transformam: vestem jalecos brancos, enfeitados com muitos adereços, e o rosto é coberto com a tradicional maquiagem dos palhaços. Assim, vão invadindo os corredores e quartos hospitalares, levando cores e sorrisos. Ali, através de uma linguagem leve, lúdica e com muito humor, buscam se conectar com crianças, adultos, idosos, acompanhantes, funcionários e colaboradores, despertando sentimentos positivos e a alegria.

Primeiro curso de pós-graduação

“A presença deles alivia o sofrimento das nossas crianças com câncer, reduz a ansiedade. Estudos científicos comprovam que fazer rir aumenta a imunidade”, garantiu o médico Robson de Castro Coelho, diretor técnico do Hospital Erastinho, primeira instituição oncopediátrica do Sul do Brasil, onde o grupo atua. “O Erastinho não é o mesmo sem eles”, comentou. O médico, que enalteceu a importância dos “Especialistas da Alegria”, explicou que as atividades lúdicas implementadas nos hospitais exigem um preparo específico e técnico dos voluntários. Por isso, foi lançado pela Escola de Palhaçaria Hospitalar (EPAH) em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a primeira pós-graduação em palhaçaria hospitalar do mundo, um curso inovador que une arte e saúde de forma multidisciplinar, capacitando palhaços para atuarem profissionalmente em ambientes hospitalares e contribuírem para a humanização dos cuidados de saúde.

“São eles que levam saúde em forma de sorrisos”, assegurou Ângela Maria Pattene, paciente oncológica do Hospital Erasto Gaertner, que falou em nome de todos os beneficiados com essa convivência. “Tive a sorte de ser acompanhada, durante meu tratamento, por esses especialistas. Foi muito forte esse apoio, guardo muitas lembranças. Foram momentos inesquecíveis”, complementou. “Sejamos todos como eles, vamos espalhar alegria”, convocou.

Para participar do projeto “Especialistas da Alegria” uma das principais exigências é ter sensibilidade, estar disponível e comprometido a desenvolver a arte da “palhaçaria” no ambiente hospitalar. Atualmente, o grupo conta com uma estrutura fixa formada por voluntários e contratados, que se dedicam a transformar momentos de dor e dificuldade em sorrisos, especialmente entre pacientes oncológicos. Há três anos, eles estão também presentes em Paranaguá, promovendo ações em instituições, escolas e ilhas do Litoral. 

Uma encantadora “Palhaçata de Natal”

O clima natalino acabou contagiando a cerimônia. Uma encantadora e mágica apresentação, intitulada “Palhaçata de Natal”, foi interpretada pelos integrantes do grupo “Especialistas da Alegria Kids”, reforçando o clima de celebração e esperança. Durante a solenidade, foram entregues 31 diplomas de Menção Honrosa aos integrantes do projeto, como gesto de reconhecimento pelo trabalho altruísta e impactante, que realizam em prol da saúde emocional e mental de pacientes. Nos diplomas, destaque para a seguinte mensagem: “Votos de congratulações por fazer florescer tudo o que é bom – alegria, esperança, saúde, fé, sonhos e, é claro, muita diversão”.

*Com informações da ALEP