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Aos 34 anos, Emerson Roque dos Santos é um exemplo de que recomeçar é possível. Ele ficou em situação de rua em Curitiba, passou por momentos difíceis marcados pelo uso de drogas, mas encontrou na Fundação de Ação Social (FAS) o apoio que precisava para mudar sua história. Hoje, trabalha como educador social na Comunidade Terapêutica Água da Vida (Cravi), em Almirante Tamandaré, e dedica a vida a ajudar outras pessoas que enfrentam situações semelhantes à que viveu.
Natural de Londrina, no Norte do Paraná, Emerson buscou novos rumos em Barra Velha (SC) na tentativa de se afastar das drogas. “Achei que mudando de cidade as coisas melhorariam, mas percebi que o problema não é o lugar, está dentro da gente mesmo”, conta.
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Após dois anos em Santa Catarina, decidiu voltar para o Paraná. “Eu não queria mais aquela vida. Tive uma luz e resolvi vir para Curitiba, mesmo sem conhecer ninguém”, relembra. Sem ter para onde ir, acabou vivendo nas ruas do bairro Jardim das Américas por aproximadamente 30 dias. “Foi um período muito difícil, porque eu sempre tive casa”, lembra o rapaz, que já trabalhou como modelo.
Em julho de 2023, durante o inverno, Emerson ficou sabendo da FAS e ligou para a Central 156 para pedir acolhimento. Foi encaminhado para uma casa de passagem, onde dormiu apenas uma noite, mas voltou para a rua.
Dias depois, com o frio intenso de uma noite de inverno, decidiu tentar novamente. “A equipe de abordagem me encontrou e me levou para um abrigo. Lembro que quando eles me pegaram, começou a chover forte. Agradeci muito a Deus por estar indo para um lugar protegido”, recorda.
Emerson ficou acolhido por três meses na então Casa de Passagem Rebouças, na Regional Matriz, onde também funcionava o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) Matriz. Durante o atendimento técnico, participou de diversos cursos oferecidos pelo programa Liceu de Ofícios e Inovação, como o de pães, bolos e bolachas.
“Acabei conhecendo melhor a unidade e o funcionamento da FAS, e fiquei. Foi ali que comecei a entender que era possível mudar”, conta.
Na época, ele foi acolhido na Cravi, instituição que acolhe e oferece tratamento e reinserção social a pessoas com transtornos decorrentes do uso de substâncias psicoativas. “Eu queria ir para um lugar onde também pudesse ajudar”, diz.
Inicialmente, Emerson ficou na Cravi por cinco meses e pediu prorrogação da estadia por mais quatro. Durante o tratamento, fez um curso de educador social. “Eu queria ter conhecimento para aplicar na minha vida e aconselhar meus colegas.”
O esforço e a dedicação chamaram a atenção da equipe. Quando concluiu o período de desintoxicação, Emerson recebeu o convite para trabalhar na própria instituição. Há quatro meses, ele atua como educador social na Cravi, onde também mora.
Hoje, além do trabalho, Emerson exerce o papel de presbítero – líder espiritual auxiliar do pastor – e sonha em se tornar pastor. “A FAS foi fundamental para mim. Se não fosse o atendimento que recebi, teria sido muito mais difícil alcançar essa transformação. Eu precisava de repouso, de orientação e encontrei tudo isso lá”, afirma.
Para ele, o trabalho da FAS vai muito além do acolhimento. “A FAS não é só pouso e comida. Todos os dias, eles falam pra gente que é possível mudar, se capacitar. Foi assim que voltei a acreditar e buscar a mudança.”
O presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, destaca que Curitiba conta com uma ampla rede de serviços voltados à superação de situações de vulnerabilidade e risco social, entre elas a de rua. “Quando o município estende a mão, oferece acolhimento, acompanhamento e acesso a serviços e a pessoa responde com vontade de mudar de vida, o resultado é positivo para toda a cidade”, diz.
A porta de entrada desses serviços é normalmente pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e os Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POP), mas há serviços e ações de várias secretarias:
➡ Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN) – programa Mesa Solidária, que oferece refeições diárias e gratuitas em três pontos da cidade.
➡ Saúde – Consultório na Rua, com atendimentos em diversos pontos. Unidades de saúde e dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
➡ Desenvolvimento Humanos – projeto Nova Morada Vida Nova, que oferece 100 vagas de acolhimento para homens e mulheres, além de atender pessoas com dependência química e fazer o encaminhamento para comunidades terapêuticas especializadas em desintoxicação.
➡ Desenvolvimento Econômico e Inovação – cursos gratuitos pelo programa Liceu de Ofícios e Inovação e feiras e mutirões de emprego.
➡ Fundação Cultural de Curitiba – atividades culturais, música, visita a museus.
➡ Esporte, Lazer e Juventude – atividades de lazer e esportivas.
➡ Educação – exames de equivalência em algumas unidades da FAS e matrícula nas escolas.
*Com informações da Prefeitura de Curitiba