- Atualizado há 7 horas
Deputados estaduais utilizaram a tribuna na sessão desta terça-feira (24), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR) para lamentar o assassinato de Rodrigo da Silva Boschen, de 22 anos, após furtar chocolate e chicletes no Hipermercado Muffato, no bairro Portão, em Curitiba. Tanto o deputado do PT, Renato Freitas, quanto Hussein Bakri (PSD), líder do Governo na Casa, criticaram as ações do segurança e outros homens envolvidos no crime contra o jovem. “Eu pergunto: o crime dos ricos é punido com esse rigor?”, questionou o deputado Freitas.
Em sua fala na tribuna, Renato Freitas questiona. “No mundo de hoje, quanto vale uma barra de chocolate? Para alguns, custa uma vida. (…) Eu fiquei indignado ao ver a notícia, mas senti um desânimo profundo quando, embaixo da notícia, li os comentários. Bandido bom, bandido morto, se estivesse trabalhando, se estivesse orando, se estivesse em casa, se não estivesse mexendo nas coisas dos outros, se fosse honesto, estaria vivo. Portanto, para uma parte cada vez maior da população, a vida não tem valor. Não, Renato, mas não é o valor, é o ato em si”, diz o parlamentar. (Esse ato em si) É o furto será? Eu pergunto, o crime dos ricos é punido com esse rigor? Sabemos que não”, critica o parlamentar.
No horário da liderança do Governo, Hussein Bakri (PSD) seguiu a linha de indignação e concordou com Freitas. “Eu fico imaginando aqui o que é uma pessoa morrer apanhando. Aliás, nem é possível imaginar, é tão desumano, é tão cruel, imaginar o ser humano morrer dessa forma. Então, eu quero dizer pra Vossa Excelência que comungo do mesmo sentimento, da mesma repulsa. E acho que é preciso que a instituição, o mercado que a gente respeita, que tem a tradição no Paraná, seja o maior interessado em tomar todas as providências. Algumas pessoas dizem ‘ah, ele morreu porque pegou um chocolate’, pelo amor de Deus, gente! Ninguém pode morrer dessa forma! Ninguém! Então, quero dizer que nesse aspecto, eu concordo com você, Renato”, disse.
A família e os amigos de Rodrigo marcaram uma manifestação para essa quarta-feira (25) às 18h30, em frente ao Muffato do Portão. O protesto está intitulado como: Ato Justiça pelo assassinato no Muffato – Pelo fim do genocídio da juventude pobre.
Segundo a investigação, após o furto, Rodrigo correu e foi perseguido por quatro homens, entre eles, o segurança de uma empresa terceirizada que presta serviço para o Muffato, dois funcionários do hipermercado, um motoboy que passava pelo local. A correria foi registrada por câmeras de segurança. Depoimentos indicam que o jovem foi alcançado, atropelado por uma motocicleta, agredido e, por fim, morto com um golpe conhecido como mata-leão.
A família disse que Rodrigo trabalhava como auxiliar de produção em uma multinacional na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), tinha problemas com drogas e estava em recuperação após ser internado.
De acordo com a polícia, dos quatro, dois permanecem presos – o segurança da terceirizada e o motoboy. O terceiro – funcionário do Muffato – foi ouvido e solto em audiência de custódia e o quarto envolvido segue foragido, também funcionário do hipermercado. Esse último teria sido o responsável pela asfixia do jovem.