- Atualizado há 2 anos
O deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSD) protocolou um pedido para que o Ministério Público Federal (MPF) apure as responsabilidades da concessionária Ecovia sobre os problemas apresentados pela BR-277 nos últimos meses. Desde outubro do ano passado, a via tem enfrentado deslizamentos de pedras e terras, além de rachaduras e afundamento na pista.
Segundo o deputado, a concessionária, que teve contrato encerrado com a EcoRodovias em novembro de 2021 — após 24 anos —, deveria ter prestado serviço adequado à BR-277, visto que tais incidentes “eram previstos há muito tempo”. “O objetivo é responsabilizar a Ecovia. Não é possível que a empresa saia impune desse processo que, durante 24 anos, não realizou as obras que estavam previstas na concessão, cobrando uma das tarifas mais altas do Brasil nesse trecho de rodovia”, afirmou o deputado especialista em gestão urbana.
Estudo mencionado no ofício encaminhado à Procuradoria aponta que os problemas registrados pela BR-277 não ocorrem “num pequeno período de um ano, mas são decorrentes de diversos fatores e de anos de ocorrências”. Contratado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), o geólogo Elbio Pellenz concluiu, após análises, que os incidentes que provocaram interdições em trechos da BR-277 poderiam ter sido evitados e os impactos minimizados se houvesse monitoramento geológico (veja o estudo completo clicando aqui).
“O profissional também relaciona os episódios com o fim da concessão das rodovias paranaenses, que ocasionou a degradação da infraestrutura em função do abandono por parte do governo estadual”, divulgou a federação em dezembro. No caso da BR-277 (Serra do Mar), o geólogo também apontou que todas as obras escavadas com mais de três metros de altura têm potencial para provocar transtornos ao tráfego.
Romanelli afirmou ainda que os desvios e interdições em trechos da via que liga Curitiba ao Litoral do Paraná têm afetado a economia do Estado. O setor de agronegócio do Paraná estima que o prejuízo causado pelos problemas na BR-277 pode passar da casa dos R$ 600 milhões caso os produtos deixem de ser levados à Paranaguá e sejam encaminhados para o Porto de Santos (SP), como mostrou o Nosso Dia. O cálculo feito pelo Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR considera apenas a logística da soja (sem envolver outras cadeias produtivas).
Até esta quarta-feira (14), mais de 30 navios aguardavam para realizar carregamento no Porto de Paranaguá. De acordo com a administração, pelo menos 100 navios são esperados no porto que já movimentou mais de 1,9 toneladas somente em março de 2023. Segundo o Governo do Estado, contudo, a movimentação nos portos do Paraná segue em ritmo normal, apesar das paralisações na BR-277.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deu início, na manhã desta quarta (15), às obras para recuperar o trecho da BR-277 afetado por afundamento de pavimento, no km 33, em Morretes, no Litoral do Paraná.
Na terça (14), motoristas e motociclistas perceberam a abertura de uma nova rachadura no trecho.
Nesta quinta-feira (16), em Morretes, há dois desvios operacionais, sendo o primeiro no km 42 devido ao deslizamento de terra registrado em outubro do ano passado e o segundo, entre os km 33,9 e 32,8 por causa do afundamento.
Procurada pelo Nosso Dia, a concessionária Ecovia afirmou, ao destacar que não é mais responsável pelo trecho desde novembro de 2021, ter realizado “todas as suas obrigações e atendeu a todos os parâmetros contratuais”. Leia a nota na íntegra abaixo:
“Esclarecemos que a concessionária realizou todas as suas obrigações e atendeu a todos os parâmetros contratuais, deixando de operar o trecho em novembro de 2021, há mais de 15 meses. A companhia lembra ainda que, para manter a rodovia em boas condições de tráfego, o trabalho de conservação e manutenção rotineira é imprescindível.“