A deputada estadual Ana Júlia (PT), que faz parte do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), apresentou voto divergente do relator, o deputado estadual Matheus Vermelho, e pediu a absolvição de Renato Freitas (PT) no processo por quebra de decoro parlamentar, por ter chamado o presidente da Casa, o deputado Ademar Traiano (PSD), de corrupto. Com o voto dela, houve pedido de vista do deputado Do Carmo para avaliar as justificativas de Ana Júlia e, assim, uma decisão sobre o caso deve ficar apenas para 2024.

O relator do processo, deputado Matheus Vermelho, votou por uma advertência por escrita a Freitas. Para Ana Júlia, a medida é desproporcional a partir do momento em que se comprovou que Freitas falou a verdade. “Meu voto pede a absolvição do Renato e o arquivamento do processo, porque não houve a quebra de decoro parlamentar . O que o deputado trouxe ao plenário se comprovou como verdade. Na defesa dele, o deputado Renato provou sua inocência. Ninguém pode ser punido por dizer a verdade”, afirmou a deputada ao Portal Nosso Dia.

O petista chamou Traiano de corrupto e depois trouxe à tona o caso em que ele e o ex-deputado estadual Plauto Miró firmaram acordo junto ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), em 2022, no qual admitem terem recebido propina do empresário Vicente Malucelli, que era o representante da TV Icaraí, parte do grupo J. Malucelli, que tinha contrato para produção e conteúdo da TV Assembleia.

A deputada disse ainda na entrevista ao Portal Nosso Dia que espera dos colegas de Conselho de Ética a decisão pela absolvição de Freitas. “Espero que os deputados do conselho avaliem os dois votos e optem pela absolvição do Renato. A fala do Renato foi apenas ao presidente da Casa e depois ele comprovou o que alegou”, concluiu.

O presidente do Conselho de Ética, deputado Delegado Jacovós, destacou que com pedido de vistas de Do Carmo uma decisão fica só para 2024. “Como houve um voto longo por parte da deputada Ana Júlia, aconteceu o pedido de vistas do processo. Teremos sessões apenas amanhã ou depois e, assim, não daria mais tempo para votar neste ano, ficando a decisão para 2024, assim que retornar o recesso”, explicou.

O deputado Renato Freitas, ao ser questionado sobre uma possível absolvição, disse que isso era esperado mediante uma provável complicação de Traiano no futuro. “Houve uma mudança na interpretação e na intenção política dos deputados, porque provavelmente até lá o Traiano sairá da presidência e recairá a eles uma pressão menor, porque sabem que terão um prejuízo junto à opinião pubica, já que falei a verdade”, disse.

Nesta segunda-feira, mais uma vez o presidente da Casa, Ademar Traiano, não falou a imprensa sobre o acordo feito com o MP, alegando estar sob sigilo.