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O delegado inicialmente designado para o Caso Leandro Bossi, em Guaratuba, no Litoral do Estado, lamenta que o exame de DNA realizado em 1993 possa ter provocado uma série de equívocos na investigação. Ao Portal Nosso Dia, Luiz Carlos de Oliveira disse nesta segunda-feira (13) que, já na época, havia suspeitas de que algum erro poderia ter acontecido e que o exame de agora só confirma tudo isso.
“Lá atrás já existia suspeita que poderia ter acontecido algum erro. Isso só mostra que houve equívoco na investigação”, disse brevemente.
Na última sexta-feira (10), a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que identificou fragmentos genéticos do menino Leandro Bossi. O exame foi realizado pela Polícia Federal (PF), em Brasília, e teve compatibilidade de 99,99% com o material coletado na mãe de Leandro, Paulina Bossi.
Oficialmente, a Sesp ainda não confirma se o fragmento é o mesmo obtido com a ossada recolhida em um matagal de Guaratuba no ano de 1993. Mas, em entrevista concedida à RPC TV no sábado (11), o secretário Wagner Mesquita confirmou a informação.
“Trinta anos atrás, foi feito em exame de DNA com a tecnologia disponível da época, por um instituto privado em Minas Gerais. Esse exame teria indicado que não se tratava do Leandro Bossi e que seria uma ossada de menina. Agora, nós estamos contradizendo esse exame com um exame muito mais moderno, muito mais tecnológico, que é uma tecnologia que só está disponível agora”, afirmou.
A ossada foi encontrada no mesmo matagal em que, um ano antes, o menino Evandro Ramos Caetano foi encontrado morto.
No laudo disponibilizado em 17 de janeiro de 1994 pelo Instituto Gene e publicado pelo Projeto Humanos, é possível constatar que o próprio laboratório cita a possibilidade de eventual erro. “Em primeiro lugar deve ser ressaltado que estudos de Identidade feitos a partir de DNA obtido de dentes e ossos são procedimentos delicados que podem ser influenciados por fatores variados, inclusive contaminação das amostras com DNA extrínsico, o que pode levar a falsas exclusões”, destaca.
A conclusão do exame feito na década de 1990 foi o de que “os estudos são altamente sugestivos de tratar-se do cadáver de uma criança do sexo feminino.”
Ivan Mizanzuk, autor do livro Caso Evandro, se dedicou por anos ao caso e citou nas redes sociais entrevistas que teve.
“E daí eu lembro dos geneticistas com quem conversei sempre dizendo o seguinte: falso negativo é mais comum do que se pensa, já falso positivo é praticamente impossível. Falso negativo pode dar por contaminação de laboratório. É um equipamento sujo pra dar ruim. Falso positivo já é mais difícil que acertar na loteria”, destacou.
A Polícia Civil já solicitou cópia do inquérito para eventuais novos apontamentos no caso.