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SEGURANÇA

Defesa diz que vendedor tentou pegar a arma de policial, que agiu em legítima defesa

Sobre o fato de beber portando arma, o advogado do policial afirmou que trata-se de uma cortina de fumaça
Policial civil que atirou contra o vendedor. Foto: Reprodução
Sobre o fato de beber portando arma, o advogado do policial afirmou que trata-se de uma cortina de fumaça

Luiz Henrique de Oliveira e Geovane Barreiro

02/10/25
às
11:35

- Atualizado há 3 minutos

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A defesa do policial civil Marcelo Mariano Pereira, 36 anos, afirmou que o vendedor Antônio Carlos Antunes, 51 anos, tentou tirar a arma dele durante a confusão no BarBaran, no Centro de Curitiba, na última sexta-feira (26). A alegação é de legítima defesa, uma vez que o policial teria tentado se defender das agressões que sofria, após um suposto copo retirado de uma pia do banheiro do estabelecimento.

“Não houve discussão prévia, ele já estava sendo agredido. As recomendações são de que o agente não entre em embate corporal. Mas já estava instalado o embate, e não por culpa dele. Mesmo anunciada a presença da arma, ele tenta tomar a arma. Se ele não desfere o disparo, poderia perder a arma”, disse o advogado Heitor Bender, afirmando que o tiro efetuado foi para que Marcelo não se tornasse a vítima, porque para a defesa ‘era ele ou eu’.

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O advogado do policial concedeu entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quinta-feira (2). Segundo ele, a morte do vendedor abalou Marcelo, já que a expectativa era pela recuperação dele. “Todos nós estamos tristes com essa situação, mas isso não muda o que aconteceu naquela situação. Não estamos aqui para julgar se ele era um bom pai, um bom avô, mas o que aconteceu e o que de provas sobre o que aconteceu naquela noite. Marcelo está abalado e buscando ajuda psicológica”, disse Heitor.

Heitor Bender é o advogado que defende do policial civil. Foto: Nosso Dia

Sobre o fato de beber estando armado, o advogado afirmou que trata-se de uma cortina de fumaça. “Estão colocando uma cortina de fumaça com base neste argumento. O Boletim de Ocorrência aponta que não tinha sinais de embriaguez. A bebida não é a causa do que aconteceu. Ele disparou porque estava sendo brutalmente agredido. A Polícia Civil emitiu nota que não é recomendado beber e estar com arma, mas não é ela que levou ao que aconteceu”, disse o advogado, lembrando que em depoimento Marcelo afirmou ter bebido dois copos de cerveja.

Sem histórico de violência

O vendedor Antônio Carlos não tinha histórico de agressão ou violência, diz a defesa. À imprensa, a advogada Caroline Mattar Assad, que representa a família do vendedor, afirmou que Antunes era um homem tranquilo, ia às missas pela manhã, falava com as filhas todos os dias e era muito apegado ao neto. “Um homem muito família, alguém muito querido por todos”, disse Caroline, em entrevista coletiva, nesta quarta-feira (1º).

Antônio Carlos Antunes morreu no hospital Foto: Arquivo da família

A versão do policial, lotado na Delegacia do Alto Maracanã, é de que Antunes iniciou as agressões e desferiu um soco violento contra ele. “Ele começou a me agredir pelas costas. Ele fechou a saída e, nisso, eu tentava sair. Tomei um soco que me atordoou até e, nesse momento, temi pela minha vida. Falei ‘polícia, polícia’ e tentei pegar a arma e, nisso, ele pegou no meu braço. Daí eu puxei para trás e aconteceu o disparo”, relatou o policial. Isso teria ocorrido depois que o policial tirou o copo dele que estava em cima da pia. Assista ao depoimento do policial aqui.

No entanto, a defesa nega que Antunes fosse um homem agressivo. “Ele não tem histórico de agressão, não tem histórico de ser uma pessoa destemperada, então até o momento a gente não sabe muito bem o que aconteceu. Isso porque a própria testemunha que prestou ali o seu depoimento junto à Delegacia de Homicídios disse que não ouviu briga verbal, não ouviu xingamentos, não ouviu o Marcelo se identificando como policial, ou seja, ele ouviu apenas barulho corporal”, conta a advogada da família.

Caroline Matar Assad, advogada da família. Foto: Nosso Dia

Homem tranquilo

De acordo com a defesa, Antunes era uma pessoa tranquila. “Extremamente família, uma pessoa muito apegada a Deus. Temos muitos relatos de que era uma pessoa de fácil convívio. Todos falam que era uma pessoa muito acolhedora, extremamente feliz. É uma pessoa que era devota, ia à missa todos os dias de manhã. A filha relata isso para a gente, que ele era uma pessoa que vivia com uma medalha no bolso, era uma pessoa que vivia com um terço. Era muito, muito família, ligava todo dia para a família, que morava longe, queria saber como é que estavam. Ele era extremamente apegado ao neto. O neto, inclusive, não sabia que o vô estava internado, mas não teve como não contar para ele do falecimento”, conta a advogada.

Com apenas três anos, o neto disse à mãe que tem um plano para buscar o avô no céu. “Ele diz assim ‘vou pegar um foguete, vou pegar um astronauta e a gente vai lá buscar o meu vovô no céu’. Muito triste”, detalha Caroline. “A família está inconsolável. Mal conseguimos conversar nesse momento. Eles saíram de uma situação onde celebravam a vida, literalmente, de uma das filhas, e voltaram para casa com a morte”, completa.

Proporcionalidade

Para a advogada da família, a defesa vai provar que não houve proporcionalidade na legítima defesa, versão do policial. “A gente reconstrói qualquer fato por meio de provas. Nesse caso, a gente tem uma grande deficiência de provas por ter ocorrido um crime em um local que não há câmeras, mas há perícia, lesões, a dinâmica do tiro”, diz Caroline.

“Uma coisa é fato, não há de maneira alguma proporcionalidade. Quando a gente fala em legítima defesa no Direito, não podemos esquecer que precisa ser proporcional. Você vai repelir uma agressão de forma proporcional. Como que aqui, nesse caso, falamos em proporcionalidade com uma pessoa armada, 36 anos, e um senhor de 51 sem porte atlético e desarmado. Não estamos falando de algo equivalente”, finaliza a advogada da família.

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