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De situação de rua à sala de aula e ao trabalho formal: jovem reescreve história em Curitiba

Em setembro, Welton começou a realizar um de seus maiores sonhos, o de aprender a ler e escrever
Aos 29 anos, Welton Souza decidiu recomeçar a vida em Curitiba. Curitiba, 14/10/2025. Foto: Pablo Maestá
Em setembro, Welton começou a realizar um de seus maiores sonhos, o de aprender a ler e escrever

Redação*

15/10/25
às
7:45

- Atualizado há 51 segundos

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Aos 29 anos, Welton Souza decidiu recomeçar a vida em Curitiba. Depois de uma infância marcada pela violência e pela falta de oportunidades, ele chegou à capital há cinco meses em busca de um futuro melhor. Sem ter uma pessoa de referência, acabou vivendo em situação de rua até conhecer os serviços da Fundação de Ação Social (FAS), onde encontrou apoio e acolhimento.

Em setembro, Welton começou a realizar um de seus maiores sonhos, o de aprender a ler e escrever. Ele passou a frequentar as aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal Irmãos Rebouças, no bairro Rebouças, e seguiu estudando até a semana passada. Agora, se prepara para pedir transferência de turma ou de escola, já que conquistou outro desejo, o de ter um trabalho com carteira assinada.

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O primeiro dia de trabalho foi nessa segunda-feira (13/10), em uma loja recém-inaugurada de uma rede de supermercados, no Centro da cidade. O encaminhamento para a vaga foi feito pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SMDEI), que, além da intermediação de mão de obra, oferece cursos gratuitos pelo Liceu de Ofícios e Inovação, alguns deles realizados dentro das próprias unidades de acolhimento.

“Ontem foi meu primeiro dia de trabalho e gostei muito do lugar. Eu precisava de um emprego. Como não quero parar de estudar, vou tentar me transferir para uma turma em outro horário”, conta o jovem, que também mantém vivo outro sonho de infância, o de ser padre.

Acolhimento e autonomia

Natural de Santa Maria da Vitória, na Bahia, Welton foi para Goiânia (GO) ainda adolescente. Ele conta que sua vida foi marcada por dificuldades. Sem o apoio da família, foi impedido pela mãe de estudar e precisou trabalhar nas ruas desde cedo para ajudar em casa.

“Dos 12 aos 22 anos eu trabalhei em semáforo vendendo doces, panos de prato e de chão, ou lavando vidros de carros. Se voltava para casa com pouco dinheiro, apanhava e ficava de castigo, sem comer”, relembra. Mesmo com tantas dificuldades, Welton diz que não bebe bebida alcóolica e nem usa drogas, o que era comum na casa onde vivia com a família.

Ao chegar a Curitiba, Welton passou os primeiros dias nas ruas. Foi então que conheceu a Casa de Passagem Doutor Faivre, que integra o Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua (FAS SOS). Depois de passar por atendimento, ele foi encaminhado para uma unidade de acolhimento onde está até hoje.

Enquanto não arrumava um emprego formal, Welton trabalhou algumas vezes como ajudante de pedreiro em obras na cidade, o que lhe rendia o pagamento por diária. Agora, com emprego formal, o rapaz já faz planos de alugar um quarto e se mudar. “Preciso livrar a vaga para outra pessoa que esteja precisando mais do que eu”, explica.

Superação e apoio

A decisão de voltar a estudar foi apoiada pela equipe da FAS SOS. No mesmo dia em que contou sobre o sonho de aprender a ler e escrever, uma servidora da unidade foi até a escola para pedir a vaga e fazer a matrícula. Isso foi em uma sexta-feira, na segunda, ele já estava na sala de aula.

Welton diz que a Prefeitura foi fundamental em seu processo de mudança. “É muito raro encontrar um lugar que dê tanto apoio. Na rua tem muita gente que foi abandonada pela família, pessoas boas, que têm profissão e só precisam de uma oportunidade para recomeçar”, afirma.

Trabalho intersetorial

O presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, destaca que a história de Welton mostra como o trabalho intersetorial é capaz de transformar vidas. “Quando o município estende a mão, oferece acolhimento, acompanhamento e acesso a serviços, e a pessoa responde com vontade de mudar de vida, o resultado é positivo para toda a cidade. Welton é um exemplo de superação”, diz.

Além da FAS e das secretarias municipais da Educação e de Desenvolvimento Econômico e Inovação, outras pastas e instituições parceiras trabalham juntas para ampliar o alcance das políticas públicas para a população em situação de rua em Curitiba.

O programa Mesa Solidária, por exemplo, oferece refeições diárias e gratuitas em três pontos da cidade. Na área da saúde, o município oferece serviços por meio do programa Consultório na Rua, que realiza atendimentos em diversos pontos da cidade, além das unidades de saúde e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH) mantém o projeto Nova Morada Vida Nova, que oferece 100 vagas de acolhimento para homens e mulheres. A iniciativa tem como foco a reinserção social de pessoas em situação de vulnerabilidade ou dependência química. Além disso, a secretaria faz encaminhamentos para comunidades terapêuticas especializadas em desintoxicação.

A FAS também promove encaminhamentos para vagas de emprego, para incentivar a autonomia dos usuários.

*Com informações da Prefeitura de Curitiba

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