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A maior biofábrica do mundo de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, os chamados Wolbitos, foi inaugurada neste sábado (19), no Parque Tecnológico da Saúde do Governo do Paraná, em Curitiba. Ela vai ampliar a produção em larga escala de mosquitos utilizados no controle biológico do vetor transmissor da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus.
Desenvolvido e aplicado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o método Wolbachia é uma estratégia para o controle de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Desde 2024, a técnica faz parte das estratégias nacionais de combate às arboviroses do Ministério da Saúde.
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A implantação da unidade, com capacidade estimada de até 100 milhões de ovos de mosquitos por semana, foi viabilizada com uma parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e priorizará municípios com alto risco de transmissão de arboviroses. Com mais de 3,5 mil metros quadrados de área construída, equipamentos de ponta para automação e criação dos mosquitos com a bactéria Wolbachia, e uma equipe com cerca de 70 funcionários, a nova fábrica da Wolbito do Brasil supre a crescente demanda nacional pelo Método Wolbachia.
A nova unidade atenderá a demanda do Ministério da Saúde e vai garantir a distribuição dos mosquitos Wolbitos para diversas regiões do Brasil, priorizando municípios com alto risco de dengue. A previsão é que aproximadamente 140 milhões de brasileiros possam ser beneficiados com a implementação do método em diversos municípios do país, ao longo de 10 anos de atividade.
“A inauguração desta unidade coloca o Paraná em destaque nacional no uso de tecnologia avançada e sustentável no combate às arboviroses para todo o país”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
A biofábrica será coordenada pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e pelo World Mosquito Program (WMP), instituição que detém a patente da tecnologia. O IBMP é fruto de uma parceria entre a Fiocruz e o Governo do Paraná, por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).
O diretor-presidente do Tecpar, Eduardo Marafon, ressaltou que a escolha do Paraná para a implantação da unidade, reforça o compromisso do Governo do Estado em promover soluções inovadoras para a saúde pública.
“O Parque Tecnológico da Saúde é uma iniciativa do Governo do Estado para promover a área de biotecnologia, atrair novas empresas e apoiar o fornecimento de novas soluções para o país. Neste espaço, três empresas que são referência, Tecpar, Fiocruz e IBMP, têm trabalhado juntas em projetos importantes. A inauguração da fábrica da Wolbito vem se somar a estes esforços em prol da saúde pública do Paraná e do Brasil”, afirmou.
“Não existe nenhum lugar no mundo que produza a quantidade de mosquitos que será produzida aqui com essa tecnologia. A inauguração dessa fábrica coloca o Brasil, por meio dessa associação da Fiocruz com o Tecpar aqui no Paraná, na linha de frente dessa tecnologia para todo mundo. É importante contar com instituições públicas como essas, que nos permite expandir cada vez mais as parcerias com empresas nacionais e internacionais para a produção de novas tecnologias, gerando emprego, renda, tecnologia e conhecimento aqui no Estado do Paraná”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou da inauguração.
ENFRENTAMENTO – A implementação do método Wolbachia reforça as ações de enfrentamento à dengue, Zika e chikungunya que estão sendo desenvolvidas no Paraná. Desde 2019, a partir da criação do Comitê Intersetorial de Controle da Dengue, o Governo do Estado tem intensificado as estratégias de prevenção e combate à doença.
Esse trabalho envolve diversas iniciativas junto aos municípios, seja incentivando e orientando na adoção das novas tecnologias, com o aval do Ministério da Saúde, capacitações e treinamentos, ou ainda promovendo ações de interface com a sociedade, como incentivo à eliminação de criadouros por meio de mutirões com a população, campanhas de conscientização, aplicação de inseticidas – popularmente conhecido como fumacê – e atendimento clínico qualificado para os casos suspeitos.
Em julho de 2024 o Paraná iniciou o método em Foz do Iguaçu e Londrina, onde foram liberados aproximadamente 94 milhões de mosquitos. Essas biofábricas foram desmontadas em maio e junho deste ano, após finalizarem o projeto. A Sesa já oficiou e deu início às tratativas junto ao Ministério da Saúde para a continuidade e expansão do método Wolbachia nas duas cidades, contemplando 100% do território dos dois municípios.
TECNOLOGIA – Desenvolvido na Austrália, o Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que ao se reproduzirem com a população local, formam uma nova geração de mosquitos com a mesma bactéria.
Em laboratório, os pesquisadores do WMP conseguiram introduzir a bactéria Wolbachia, presente em aproximadamente 50% dos insetos no mundo, dentro dos ovos de Aedes aegypti. Quando presente nesse mosquito, ela impede o desenvolvimento dos vírus da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, reduzindo a transmissão dessas doenças.
O método não envolve modificação genética e, ao longo do tempo, se torna autossustentável, mantendo-se na população de mosquitos sem necessidade de novas liberações, o que o torna uma estratégia eficaz, segura e acessível a longo prazo. Até agora ele implantado em oito cidades brasileiras: Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Campo Grande (MS), Joinville (SC), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). A seleção dos municípios é feita pelo Ministério da Saúde, e a implementação é realizada pela Wolbito do Brasil, com o apoio da Fiocruz.
DADOS – De acordo com o último boletim epidemiológico de arboviroses, divulgado pela Sesa nesta terça-feira (15), o Paraná já registrou este ano 85.611 casos confirmados e 107 óbitos por dengue. De Chikungunya já foram confirmados 5.135 casos e cinco mortes, e por Zika Vírus, não há confirmações de casos e óbitos neste período.