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‘Constrangido por ter feito tanto por essas crianças’, diz Hytalo em depoimento à Justiça

A declaração foi revelada em reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo, 30
Hytalo Santos em entrevista ao PodCats, em maio de 2025 Foto: @podcatscortes via YouTube
A declaração foi revelada em reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo, 30

Estadão Conteúdo

01/12/25
às
8:11

- Atualizado há 10 segundos

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O influenciador digital Hytalo Santos, preso desde agosto acusado de explorar sexualmente menores de idade, afirmou em depoimento à Justiça se sentir “constrangido” por ter “feito tanto” por crianças e adolescentes vistos como vítimas no processo criminal ao qual responde. A declaração foi revelada em reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo, 30.

Questionado pelo juiz se suas condutas infringiam o artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente – que tipifica o crime de produzir, reproduzir, fotografar, filmar ou registrar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente – Hytalo Santos negou.

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“Não (estava praticando o crime), vossa Excelência. Eu me sinto até um pouco constrangido por ter feito tanto por essas crianças, tanto por esses adolescentes que estão colocados aqui nos autos e ter que responder, por mais que seja obrigatório estar respondendo aqui, mas me dói, me dói muito”, disse.

Segundo o Ministério Público da Paraíba (MP-PB), Hytalo e o marido, Israel Nata Vicente, conhecido como Euro, publicavam nas redes sociais vídeos e fotos de crianças e adolescentes dançando de forma sexualizada na residência do casal, em um condomínio de alto padrão em Bayeux, na Paraíba. O influencer afirma que essa aproximação com os jovens tinha o consentimento dos pais.

Para o MP, que monitora o influencer pelo menos desde 2020 e que já havia solicitado moderações no conteúdo, o casal lucrava com esses vídeos. Após as investigações, o órgão indiciou Hytalo e Euro pelos crimes de exploração sexual, produção e divulgação de pornografia infantil e tráfico humano.

Em agosto, a Justiça da Paraíba aceitou a denúncia do MP e expediu mandado de prisão preventiva contra os dois, que foram detidos em Carapicuíba, em São Paulo. Hoje, eles estão presos na Penitenciária Desembargador Flósculo da Nóbrega, em João Pessoa.

A defesa de Hytalo e Euro nega que o conteúdo seja pornográfico e afirma que, embora as coreografias sejam sensuais, a sensualidade não configura crime. “Eles (os vídeos) podem ser vistos como atos sensuais, mas a lei não criminaliza o ato sensual. Ela criminaliza o ato pornográfico. E a pornografia não está demonstrada”, disse o advogado Sean Kompier Abib ao Fantástico.

‘É o ritmo do brega funk’

Ao juiz, Hytalo atribuiu as danças à sua origem e ao aspecto cultural da região. “Eu nunca cheguei a gravar vídeos com cenas pornográficas ou de cunho sexual. A gente só gravava a nossa rotina com a cultura de periferia, que é de onde eu venho. Entre Recife e João Pessoa, o ritmo mais escutado, e que está no Brasil todo, é o ritmo do brega funk.”

“As coreografias e os passos usados são vistos por alguns com esse olhar, mas pra gente que é da periferia e é da arte, não”, acrescentou. Questionado pelo juiz se entendia que as letras das músicas eram “apelativas” ou “obscenas”, Hytalo negou.

A promotoria aponta ainda que o influenciador estimulava os jovens a praticarem relações sexuais. Hytalo também rebateu essa acusação: “Nunca influenciei ninguém a ter relacionamento afetivo”, disse. “E o que eu filmava dos relacionamentos das pessoas que elas conheciam é porque eu preferia que fosse com o acompanhamento da mãe do que se elas fizessem escondido.”

Investigações

Na última sexta-feira, 28, o Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) rejeitou mais um pedido para que o casal fosse solto. A defesa insistia que o processo deveria ser analisado pela Justiça Federal, mas o juiz responsável decidiu manter a prisão preventiva, afirmando que o argumento já havia sido apresentado em solicitações anteriores.

As investigações estão sob responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que descreve o funcionamento de um esquema voltado à exploração sexual de vulneráveis. Segundo o órgão, adolescentes eram atraídos com promessas de projeção nas redes sociais, vantagens financeiras e outros benefícios.

O MP também identificou controle rígido sobre a rotina dos jovens, além da realização de procedimentos estéticos e tatuagens com conotação sexual. Foi incluído no processo um pedido de reparação por danos coletivos de R$ 10 milhões.

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