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Conheça a história da jovem moradora da RMC que vive há três anos sem rins

Enquanto aguarda o tão sonhado transplante, a moradora de Cerro Azul enfrenta muitos desafios e uma rotina exaustiva de hemodiálise
(Foto: Divulgação)
Enquanto aguarda o tão sonhado transplante, a moradora de Cerro Azul enfrenta muitos desafios e uma rotina exaustiva de hemodiálise

Redação com assessoria de imprensa

04/10/24
às
9:54

- Atualizado há 3 meses

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A espera por um transplante é uma luta diária que impõe desafios físicos e psicológicos. Em 27 de setembro é celebrado o Dia Nacional do Doador de Órgãos, uma data dedicada a conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e a incentivar que famílias e amigos discutam o tema. Jucimara dos Santos, moradora de Cerro Azul, na Região Metropolitana de Curitiba, conhece bem essa realidade. Diagnosticada com rins policísticos apenas três meses após seu casamento, ela perdeu ambos os órgãos entre 2020 e 2021. Hoje, aos 25 anos, enfrenta a exaustiva rotina da hemodiálise.

Por não ter os rins, Jucimara relata que, além dos cuidados físicos, precisa controlar rigorosamente a ingestão de certos alimentos, como os ricos em potássio, e a quantidade de líquidos, já que, sem os órgãos, não há produção de urina. Tudo o que ela consome, seja comida ou bebida, é filtrado pela máquina de hemodiálise, responsável por limpar o sangue. “Minha rotina é do hospital para casa e vice-versa. Às vezes, saio fraca da máquina, mas com o tempo a gente se acostuma”, comenta.

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Ela realiza exames mensais para monitorar a saúde e ajustar o tratamento conforme necessário, além de ter se adaptado à realidade enfrentada. “Às vezes, tenho anemia, até pelo procedimento de hemodiálise toda semana. Uma alternativa para matar a sede, no lugar da água, é chupar uma pedra de gelo”, relata.

Apesar dos desafios, Jucimara tenta manter o otimismo. Nos últimos cinco anos de hemodiálise, grande parte no Hospital Angelina Caron (PR), ela já foi chamada três vezes para o transplante, mas ainda não encontrou um doador compatível. “Já me senti mal e desanimada, mas preciso continuar”, afirma.

Além da hemodiálise, a jovem enfrentou outras complicações de saúde devido à falta dos rins, como anemia, que ocorre devido à deficiência renal e ao procedimento de hemodiálise. No entanto, ela ressalta que o apoio da família é fundamental para seguir em frente. “Minha família é grande, tenho nove irmãos e todos me apoiam. Meu marido viaja comigo para o hospital e nunca me desamparou. Quando penso em desistir, lembro que tenho uma máquina que me dá a oportunidade de continuar”.

A história de Jucimara é apenas uma das muitas que fazem parte da segunda edição da campanha Transforme-se, na qual transplantados compartilham suas experiências em vídeos documentais, trazendo depoimentos tanto de quem ainda aguarda quanto de quem já recebeu o transplante. A iniciativa tem como objetivo desmistificar a doação de órgãos e mostrar que, por meio dela, a esperança de uma nova vida pode renascer. “Muitas pessoas precisam de doação, não só eu. Doar é dar uma nova chance para quem está na fila”, ressalta Jucimara.

O projeto apresenta uma série de vídeos, nos quais os transplantados relataram suas trajetórias e o processo de receber um novo órgão, além de postagens e publicações voltadas para a conscientização. Para acessar a campanha e conhecer histórias de superação, clique aqui.

Doe órgãos e salve vidas

Apesar de ocupar a segunda posição mundial em número de transplantes, o Brasil tem mais de 44 mil pessoas aguardando por um procedimento, de acordo com o Ministério da Saúde. O órgão mais demandado é o rim, com mais de 41 mil pessoas na fila. Em seguida, estão o fígado, o coração, o pâncreas e os pulmões. Além desse número, cerca de 30 mil pessoas também aguardam por uma córnea.

Para João Eduardo Leal Nicoluzzi, cirurgião geral e de transplante do Hospital Angelina Caron: “a doação de órgãos no Brasil é ainda muito heterogênea, reflexo da falta de campanhas permanentes em muitos estados. O mito de que o doador ainda está vivo também persiste, mas a doação só ocorre após a morte cerebral comprovada”. Além disso, o médico ressalta a importância de as pessoas buscarem esclarecimentos nas centrais de transplante, que são estruturas públicas acessíveis para responder a dúvidas.

Segundo Nicoluzzi, o registro em cartório é uma prática louvável e que garante  maior clareza quanto ao desejo de ser doador, facilitando o processo de autorização familiar, essencial no Brasil. Desde o início deste ano, qualquer pessoa pode realizar uma Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO) nos mais de 8 mil cartórios do país. O documento é eletrônico e deve ser preenchido a fim de demonstrar o interesse em ser doador, podendo escolher quais órgãos quer doar. O documento pode ser preenchido no site https://www.aedo.org.br/ ou por meio do aplicativo e-notariado, disponível para download em lojas de aplicativos. 

Como se tornar um doador de órgãos?

A doação de órgãos é um ato de amor e esperança para quem recebe. Dentre os órgãos que podem ser doados estão o coração, rim, pâncreas, fígado, pulmões e tecidos (córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem, medula óssea e sangue de cordão umbilical). Alguns deles podem ser doados ainda em vida, como: um dos rins, metade do pulmão, parte do fígado e a medula. Os outros, apenas com a morte encefálica, que geralmente é resultado de traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). 

Todas as pessoas podem ser consideradas doadoras em potencial, independentemente da idade ou histórico médico. O que determinará a possibilidade de transplante e quais os órgãos e tecidos poderão ser doados é uma avaliação do corpo feita por meio de exames clínicos, de imagem e laboratoriais no momento da morte. 

Para ser um “doador vivo”, é importante a pessoa apresentar boas condições de saúde, passar por avaliações médicas e exames de compatibilidade, ser capaz juridicamente e concordar com a doação. Legalmente, pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos podem ser doadores. No caso de doação para uma pessoa que não seja parente, é preciso obter autorização judicial. 

Já para doação de medula óssea, basta procurar o Hemocentro mais próximo, realizar um cadastro no Redome e coletar uma amostra de sangue (10 mL) para exame de tipagem HLA. Quando surgir um receptor compatível, o doador será convidado a realizar a doação, que acontecerá em centro cirúrgico. Há algumas regras para ser doador de medula: ter entre 18 a 35 anos, não ter doenças transmissíveis e estar em bom estado de saúde.

Não podem ser doadores de órgãos somente pessoas com diagnóstico de tumores malignos, doenças infecciosas graves agudas ou doenças infectocontagiosas – destacando-se o HIV, as hepatites B e C e a doença de Chagas. Também não podem ser doadores os diagnosticados com insuficiência de múltiplos órgãos, situação que acomete coração, pulmões, fígado, rins, impossibilitando a doação desses órgãos.

TÁ SABENDO?

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