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Oito ruas que cortam o bairro Boqueirão, quando vistas de cima, sugerem a imagem da Bandeira do Brasil. Elas delimitam as duas figuras geométricas sobrepostas – o retângulo verde e o losango amarelo – que formam o símbolo nacional. A figura pode ser vista no traçado original do loteamento da antiga Fazenda Boqueirão, uma grande área de terras particulares que deu origem ao bairro de mesmo nome, entre outros, e segue quase intacta.
Os dois lados maiores do que seria retângulo verde da bandeira correspondem às ruas Paulo Setúbal e Cezinando Dias Paredes, enquanto os dois menores são formados pelas ruas Irmã Lúcia Roland e Maestro Carlos Frank. O losango amarelo interno é delimitado pelas ruas Regina Schulman (a via de traçado interrompido), Vereador Antônio Carnascialli, José Peixoto de Lacerda Werneck e Avenida Nossa Senhora da Paz.
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Na área central, correspondente ao círculo azul da bandeira brasileira, ficam a Rua da Cidadania do Boqueirão e o Santuário do Carmo, contornados pelas ruas Italino Peruffo e Josepha Daren Destefni.
O traçado pode ser visto na planta arquivada na Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) sob o nº 459, que projetou o crescimento da área prevendo a abertura de ruas e instalação de praças. O documento, que não menciona a autoria do projeto, já foi digitalizado pelo Arquivo Público. O objetivo é facilitar o acesso e poupar a planta primitiva, a reprodução mais antiga do original, do desgaste ocasionado pelas consultas físicas.
“Não dá para saber, com as informações de que dispomos, se o traçado na planta do loteamento da fazenda foi intencional ou acaso. Porém, a forma com que ele orientou o arruamento é um recurso eficiente para facilitar o acesso aos lotes e também a outros pontos da região”, observa o engenheiro civil Gabriel Marcelino Geronasso, do Departamento do Cadastro Técnico da SMU.
Com o tempo, o traçado original e que sugeria a figura da bandeira foi sendo descaracterizada pelas intervenções urbanas determinadas pela ocupação da área. A Rua Regina Schulman é interrompida na esquina com a Rua Maria Luiza Curial dos Santos, na altura do muro que delimita a área do 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (5º GAC AP), conhecido como Grupo Salomão da Rocha ou simplesmente como o Quartel do Boqueirão. É o muro da unidade militar que quebra a linha direita inferior do losango.
Os domínios da unidade militar são formados por terras doadas da antiga Fazenda Boqueirão, a partir de meados dos anos 30. Na parte superior do retângulo, na divisa com o Uberaba, a Rua José Peixoto de Lacerda Werneck passou por correção geométrica e não é mais uma reta.
– O longa Coração de Neon, que fez sua pré-estreia em Curitiba em março de 2023, foi rodado no Boqueirão. Dirigido por Lucas Estevan Soares, que também morou no bairro e é apaixonado por ele, o filme fala da história de pai e filho que ganham a vida com um carro de entrega de telemensagens. Antes disso, Lucas havia composto o rap #Boquera, que virou clipe e uma espécie de hino do bairro.
– A novela Salve Jorge, da Rede Globo, foi lançada no Quartel do Boqueirão no fim de outubro de 2010, com uma festa promovida pela RPCTV. Atores que encarnavam protagonistas da produção participaram do evento, que atraiu o público para ver os famosos. Na trama, a personagem principal era militar.
– Como todo brasileiro, os moradores do Boqueirão também gostam de futebol. Além dos grandes clubes, eles têm o Clube Vila Hauer Esporte Clube e o Clube Atlético Boqueirão para torcer.
– Três das seis cervejarias artesanais da Regional Boqueirão estão no bairro Boqueirão. São elas a Swamp, Bier Hoff e Xamã.
– Fica no Boqueirão a rua temática Bley Zorning, ponto de frequência obrigatória para quem atua nas áreas da moda e da decoração de interiores. Suas lojas especializadas em tecidos para roupas e cortinas, além de aviamentos, e atrai público de toda a cidade.
– Há 30 anos, foi inaugurada no Boqueirão a primeira Rua da Cidadania da Curitiba. Situado ao lado do concorrido Santuário do Carmo, o local se consolidou como polo descentralizado de serviços e tem um projeto arquitetônico único: que outra Rua da Cidadania, afinal, se espraia pela principal avenida do bairro e é unida por uma passarela usada até para desfiles de moda?
– É do Boqueirão, também, a propagandeada mais famosa coxinha de Curitiba. O popular salgado frito e generosamente recheado com frango pode ser encontrado no terminal de ônibus e em uma loja da Rua da Cidadania.
– A vocação para a moda inspirou o Boqueirão Fashion Week, que este ano chegou à sua nona edição. Realizado na Rua da Cidadania do Boqueirão, onde acontecem desfiles e eventos paralelos, o BFW surgiu para fortalecer a cadeia produtiva da moda local e já faz parte do calendário anual de eventos da cidade.
– Para o BFW 2026, a vizinha Bodebrown, cervejaria artesanal do Hauer, vai criar o rótulo comemorativo para o décimo ano do evento.
– Fica no Boqueirão, no lago formado pelo Rio Iguaçu, a maior raia natural para esportes náuticos da América Latina. O local faz parte do Parque Náutico, com estrutura para a prática de esportes e treinos de navegação não poluentes (remo, vela e canoagem), entre outras atrações que fazem dele um dos locais de lazer preferidos dos curitibanos.
– Antes de ser comprada pela multinacional PepsiCo, a marca de salgadinhos Elma foi fabricada na unidade situada no Boqueirão. Foi na década de 1960, quando as instalações funcionaram na Rua Cascavel. No lugar da empresa, hoje, estão a igreja evangélica Shalom, além de estabelecimentos comerciais.
