- Atualizado há 2 anos
O município de Colombo, que está situado na região metropolitana de Curitiba (RMC), está prestes a se consolidar como sinônimo de revolução e avanço com o desenvolvimento de um parque industrial. A administração municipal estuda e se prepara, desde 2021, para a implantação da chamada Cidade Industrial e Tecnológica de Colombo (Cicol-Tec), um projeto ambicioso que visa transformar a realidade de um dos maiores municípios da Grande Curitiba.
No ano passado, a Prefeitura de Colombo sancionou a lei n.º 1.680, que cria a Cicol-Tec, com o objetivo de atrair indústrias, desenvolver e produzir serviços inovadores, estimular a criação de empregos e, entre outros, fomentar o crescimento da cidade. Segundo a normativa, o novo polo industrial irá abranger os seguintes bairros: Rincão, Mauá, São Dimas, e Palmital. Além disso, uma das prioridades da atual administração é incentivar o desenvolvimento tecnológico e científico no município.
Ao Portal Nosso Dia, a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Colombo, Keli Coradin, afirmou que o processo para a implantação da Cicol-Tec depende, atualmente, da aprovação do novo plano diretor. “A partir do sancionamento do plano diretor, a Cicol-Tec automaticamente se torna um ato legal”, disse a também arquiteta e urbanista, que destacou que a aprovação na Câmara de Vereadores deve ocorrer até o início do segundo semestre.
Colombo se molda aos processos de industrialização e mudanças que afetam as áreas urbanas desde a revolução industrial. Mais do que isso, o município pretende se tornar referência quando o assunto é a 4ª Revolução Industrial, fenômeno baseado nos conceitos de inovação, eficiência e tecnologia. A ideia, defende a secretária, é também modificar uma das questões definidoras do século XXI: o processo de migração. Ainda hoje é comum esbarrar com trabalhadores que residem em Colombo, mas precisam se deslocar até outras cidades da região metropolitana de Curitiba em busca de subsistência, o que fez a localidade receber o nome de “cidade-dormitório”, termo utilizado para se referir aos espaços que não são autossuficientes em relação à geração de emprego e fixação da população local. Almirante Tamandaré, por exemplo, é uma das cidades paranaenses que se encaixam na definição de “cidade-dormitório” justamente por não contar com grandes indústrias, universidades, hipermercados, etc.
“Havia uma falta de geração de emprego e renda na cidade e começamos a atrair grandes empresas, o que fez Colombo ocupar o 7.º lugar no ranking de geração de empregos. A Cicol-Tec é um projeto para mudar a realidade socioeconômica do município a médio e longo prazo. Sabemos que é um projeto que irá demorar para apresentar resultados, mas se alguém tivesse pensado isso há 20 anos a situação da nossa cidade seria outra”, afirmou o prefeito da cidade, Helder Lazarotto (PSD), ao Portal Nosso Dia.
O Paraná fechou o ano de 2022 com a abertura de mais de 118 mil novos postos de trabalho formais e liderou o ranking de geração de empregos na região Sul do País, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho em janeiro deste ano. Entre as cidades do Estado, Colombo foi o 10.º município que mais ofertou vagas de emprego entre janeiro e dezembro daquele ano (2.724).
“A Cicol-Tec vai contribuir para o desenvolvimento do município, que deixará de ser um município dormitório para se tornar independente e gerador de emprego e renda. Com isso, ocorrerá aumento de arrecadação do município e vamos conseguir investir mais na cidade. Ela vai contribuir não só com Colombo, mas também com as outras cidades da região metropolitana”, afirmou o secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho, Plínio Schmidt, ao Portal Nosso Dia.
Nos últimos 12 anos, a região metropolitana de Curitiba, área que tem a maior densidade populacional do Paraná, ganhou 523.591 novos habitantes, segundo estimativa prévia do Censo Demográfico 2022, divulgada no fim do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2010 e 2022, Colombo se tornou casa para 25.753 novos habitantes.
O projeto de desenvolvimento da Cicol-Tec, que promete auxiliar na transformação da RMC, foi apresentado pelo prefeito de Colombo ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, no mês passado. Ao Portal Nosso Dia, a secretária Keli Coradin afirmou que o encontro obteve um “retorno positivo”.
“A última viagem do prefeito a Brasília foi para tratar da Cicol-Tec e viabilizar os recursos federais para que possamos iniciar a nova estruturação de malha viária. O fator positivo e relevante foi que o município já foi com uma demanda preparada e um ante-processo das necessidades. Então, o Governo Federal já sabe o que o município precisa, e os olhos já estão voltados para esse suporte”, avaliou ela. “Alckmin se mostrou bastante interessado em relação ao projeto”, acrescentou Lazarotto.
A reestruturação da malha viária apontada por Coradin integra a lista de melhorias a serem feitas pela administração municipal para garantir o funcionamento das indústrias. Os investimentos serão remanejados também a obras de infraestruturas consideradas básicas para a população colombense, tais como implantação de escolas, creches, postos de saúde, galerias, iluminação e fibra ótica. Em relação à pavimentação, a prefeitura destaca que Colombo está situada próximo à BR-116, ao Porto de Santos (SP), Porto de Paranaguá (PR) e do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais. “O cenário metropolitano foi nos apontando que é necessário fazer uma melhor estruturação urbana para que possamos evoluir e, de repente, mudar a vocação do município”, acrescentou a secretária, que também aposta em mudanças na arrecadação de impostos e aumento da competitividade na localidade.
Há pouco mais de um mês, o Governo do Paraná anunciou a destinação de cerca de R$ 17 milhões para obras de pavimentação em Colombo. O governador Ratinho Jr. (PSD) afirmou ainda que os investimentos se somam a outros projetos em desenvolvimento na cidade, como a construção do Hospital Geral de Colombo e a duplicação da Rodovia da Uva.
Segundo Coradin, uma empresa prestou consultoria à administração municipal durante cerca de seis meses e produziu estudos sobre a viabilidade da Cidade Industrial e Tecnológica de Colombo. Recentemente, um mapeamento da área que irá comportar as empresas foi divulgado pela prefeitura, respeitando as condições ambientais e, principalmente, as áreas de mananciais. À reportagem, o secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho, Plínio Schmidt, afirmou que a Cicol-Tec será dividida em três bolsões (veja abaixo).
“O primeiro bolsão vai compreender os maiores terrenos e contará com empresas não poluentes que necessitam da malha rodoviária para fazer a distribuição de seus produtos. O segundo ficará localizado próximo ao distrito industrial do Guaraituba, onde já estão comportadas algumas indústrias. Ali, vamos concentrar um número maior de indústrias com perfil também não poluente. O terceiro bolsão, que é mais próximo do aquífero Karst, vai concentrar nosso parque tecnológico, empresas mais voltadas ao perfil de startups”, explicou Schmidt.
A ideia — a longo prazo — é superar a Cidade Industrial de Curitiba (CIC) em termos de extensão territorial e geração de empregos, cujo território se tornou o maior bairro da capital paranaense. Implantada em 1973 com o intuito de assentar indústrias em Curitiba, a CIC está situada em uma área de 43,7 km². Segundo a Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba (Aecic), há aproximadamente 20 mil empresas no bairro, que geram 70 mil empregos diretos. De acordo com a prefeitura da capital paranaense, a CIC foi o bairro mais procurado para abertura de empresas no primeiro semestre de 2022. O bairro é o mais populoso de Curitiba, com cerca de 173 mil habitantes.
“A Volvo, que produz caminhões e ônibus na sua fábrica da CIC, anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão em novos projetos de pesquisa e desenvolvimento entre 2022 e 2025. No fim de junho, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou o investimento de R$ 200 milhões para os próximos dois anos em uma fábrica de vacinas na CIC. A alemã Horsch, fabricante de máquinas agrícolas, pretende implantar uma unidade no bairro nos próximos dois anos, com recursos de R$ 200 milhões”, divulgou a prefeitura em julho do ano passado.
De acordo com o secretário Plínio Schmidt, a Cidade Industrial e Tecnológica de Colombo terá cerca de dois quilômetros a mais de extensão em relação à CIC.