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O Ministério Público do Paraná – MPPR ofereceu denúncia, nesta segunda-feira (23), pelo crime de feminicídio do humorista Marcelo Alves dos Santos, 40 anos, contra a jovem Raissa Suellen Ferreira da Silva, 23 anos. O acusado confessou ter assassinado Raíssa, ambos naturais de Paulo Afonso, na Bahia. A jovem passou uma semana desaparecida – após ele e o filho, Dhony de Assis, confessarem suas participações no crime. Para o MPPR, além da ocultação de cadáver, ambos mudaram a cena do crime para enganar a polícia e foram denunciados por fraude processual qualificada. A participação de Dhony no feminicídio não está descartada, segundo o MPPR.
De acordo com o promotor André Tiago Pasternak Glitz, responsável pela denúncia, o humorista traiu a confiança que Raíssa depositava nele e elaborou um plano para atraí-la a sua residência. ‘Sem que Raíssa soubesse de suas verdadeiras intenções, Marcelo mentiu para a vítima sobre uma inexistente oportunidade de emprego, inclusive se oferecendo para levá-la pessoalmente a São Paulo‘, detalha.
Para o MPPR, o humorista passou a investir contra a jovem e a matou ao ter uma recusa – caracterizando o crime de feminicídio. “O acusado matou Raíssa por não se conformar com a negativa da vítima face a suas investidas e com o legítimo exercício de sua autonomia, praticando o crime por causa e em menosprezo à sua condição de mulher, após atraí-la à sua residência sob o pretexto de que havia conseguido para ela uma oportunidade de trabalho“.
Logo após matar Raíssa, o acusado e o filho Dhony passaram a mudar a cena do crime, trocando objetos de lugar, limpando móveis, segundo o MPPR. “Em comunhão subjetiva de vontades e agindo dolosamente, inovaram artificiosamente o estado de lugar e coisas, com o fim de produzir efeito em processo penal. Para tanto, vestígios relacionados a morte de Raíssa foram alterados com o intuito de prejudicar futura apuração dos fatos em processo penal, tendo os acusados limpado o imóvel, alterado objetos de lugar, desfazendo-se e destruindo pertences e materiais relacionados ao crime, inclusive os pertences pessoais que a vítima havia levado, acreditando que viajaria a São Paulo”.
O celular e pertences da jovem Raíssa nunca foram encontrados. Para a polícia, em depoimento que confessa ter matado a jovem, Marcelo diz ter atirado o celular dela no lago do Parque Barigui. Já os pertences, disse ter jogado em um terreno baldio próximo a casa deles, mas nada foi encontrado.
De acordo com o documento do MPPR, as investigações do caso continuam em aspectos paralelos, como o exame de necropsia da jovem Raíssa feito pelo Instituto Médico Legal (IML). Ainda há dúvida com relação ao objeto – e se houve algum material – usado na morte da garota.
Ainda, o MPPR pede um laudo de exame toxicológico da vítima e laudos periciais das conversas e ligações dos celulares apreendidos pela Polícia Científica.
Ainda, no documento, o MPPR pede que haja a negativa de qualquer afrouxamento de pena, inclusive, ao benefício concedido pela confissão, principalmente, pelo fato de os acusados estarem sendo denunciados por fraude processual, ou seja, tentarem enganar a polícia.
Sobre a prisão de Dhony, o promotor reitera que ele ‘ainda está sendo investigado pela sua participação no crime de feminicídio (…) estando, inclusive, preso temporariamente por ordem deste juízo‘.
Raíssa desapareceu na manhã de segunda-feira, dia 2 de junho, após deixar a casa em que morava com amigas, no bairro Portão, em Curitiba. Ela embarcou no carro de Alves e se despediu das amigas. Essa foi a última vez que amigos e familiares tiveram contato com ela. Logo depois, o celular ficou sem internet e desligado.
O humorista passou a ser interrogado por familiares por ter sido a última pessoa a ter visto a garota. Ele deu versões diferentes, disse que Raíssa tinha ido embora da casa dele para a cidade de São Paulo, no entanto, pouco antes de confessar, disse para a irmã de Raíssa que ‘tudo seria esclarecido nos próximos dias’.
Na segunda-feira, dia 9, Alves foi até a polícia acompanhado de um advogado e confessou ter matado e enterrado o corpo da jovem em uma cova rasa em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Segundo ele, teria matado Raíssa após se declarar a ela e ter recebido uma negativa da parte dela.