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A Vara Criminal de Guaratuba, no Litoral do Estado, aceitou nesta quarta-feira (27) a queixa-crime por calúnia contra Diógenes Caetano dos Santos Filho, primo de Evandro Ramos Caetano, 6, encontrado morto, em 1992. Anos após o crime e as condenações, que tiveram novos desdobramentos, Diógenes voltou a falar sobre os sete acusados, que foram torturados para confessar o crime.
“Nós não vamos pactuar, a família se recusa. Nós sabemos que foram eles que mataram e não foi só o
Evandro, não foi só o Leandro, eles confessaram outras crianças”, disse Diógenes, durante uma transmissão ao vivo no Facebook, no dia 25 de janeiro, promovida por um veículo de comunicação.
Após essa declaração, os cinco condenados – Airton Bardelli dos Santos Beatriz Cordeiro Abagge, Celina Cordeiro Abagge, Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro – apresentaram a queixa-crime, por meio de procuradores no dia 13 de julho, sendo aceita pela juíza Marisa de Freitas, da Vara Criminal de Guaratuba, nesta quarta-feira (27).
Na ocasião, Diógenes foi convidado pelo veículo para comentar o pedido de desculpas oficial feito pelo Governo do Paraná aos acusados do crime. O, então, Secretário de Estado da Justiça, Família e Trabalho do Estado do Paraná, Ney Leprevost, em nome do Estado do Paraná, em carta1, pediu perdão pelas “sevícias indesculpáveis” cometidas no passado contra Beatriz Abagge e outras pessoas.
“Eu não quero me alongar, mas só para encerrar essa primeira pergunta: todos aqueles desaparecimentos, aqueles 28 casos que estão sumidos, do final dos anos 80, início dos anos 90, eles são casos de sumiços fora da curva, são casos diferentes. Sempre existiu desaparecimentos e sempre existe, até hoje. Mas aqueles eram fora da curva, eles tinham características especiais e nenhuma delas foi encontrada”, diz Diógenes, durante a entrevista.
A defesa dos cinco traz: “Diógenes realizou as elementares do art. 138 do CP, com o ânimo específico destinado a caluniar os querelantes (cinco condenados). Nem se diga que Diógenes apenas sugeriu as imputações de modo apenas indireto, porque, quando mencionou os ’28 casos’, não se tratou de uma cifra especulativa hiperbólica. Os 28 casos são exatamente todas as crianças que estão desaparecidas sem desfecho ou descoberta no Estado do Paraná”, afirmou a defesa.
Em 1990, o garoto Evandro Ramos Caetano, 6 anos, desapareceu em Guaratuba, no Litoral do Paraná. Após cinco dias de buscas, o corpo do menino foi encontrado em um matagal, sem diversos órgãos.
O couro cabeludo, mãos, orelhas e pés do pequeno também foram mutilados. Automaticamente, as autoridades entenderam que tudo aquilo poderia fazer parte de um ritual, o que assustou ainda mais a população. Porém, uma teoria absolutamente questionável e nunca confirmada.
Na época, sete pessoas foram presas pelo envolvimento no assassinato, incluindo Celina e Beatriz Abagge — esposa e filha do então prefeito da cidade. Elas chegaram a confessar que foram mandantes do crime, mas algum tempo depois, afirmaram que foram torturadas e obrigadas a assumir a culpa.
Recentemente, em 2018, por meio de um podcast Caso Evandro, do professor universitário Ivan Mizanzuk, fitas que estavam escondidas vieram à tona com essas gravações, onde os suspeitos (na época) estavam sendo torturados para inventar histórias de envolvimento no crime.
Diógenes, primo de Evandro, era inimigo político do então prefeito Abagge, pai e marido das suspeitas e condenadas pelo crime. Ele também tinha rixa antiga com a família Abagge por conta de uma traição de família, conforme o podcast.