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Caso Evandro: Justiça nega anulação de processo e mantém condenação de Beatriz Abagge por morte de menino

No recurso julgado nesta quinta (16), a defesa de Beatriz argumentava que as gravações de confissão dos acusados comprovam a ocorrência de tortura
Defesa de Beatriz Abagge pedia anulação das condenações e reconhecimento da inocência, além de uma indenização por danos morais e materiais
No recurso julgado nesta quinta (16), a defesa de Beatriz argumentava que as gravações de confissão dos acusados comprovam a ocorrência de tortura

Redação

17/03/23
às
10:01

- Atualizado há 2 anos

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Por três votos a dois, desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) negaram, nesta quinta-feira (16), o pedido de anulação da condenação de Beatriz Cordeiro Abagge, acusada pelo desaparecimento e morte do menino Evandro Ramos Caetano, em 1992, em Guaratuba, no Litoral do Paraná. A defesa dela pode recorrer da decisão.

Condenada pelo Tribunal do Júri a 21 anos e 4 meses de prisão em 2011, Beatriz Abbage e outras seis pessoas foram apontadas como responsáveis pelo sumiço do menino, de seis anos, no trajeto entra sua casa e a escola em que a mãe trabalhava.

Beatriz Abagge foi condenada a 21 anos e 4 meses de prisão, em 2011 — Foto: Reprocução/RPC

No recurso julgado nesta quinta (16), a defesa de Beatriz argumentava que as gravações de confissão dos acusados comprovam a ocorrência de tortura. O colegiado, contudo, levantou a necessidade de o conteúdo divulgado pelo Projeto Humanos, idealizado pelo jornalista Ivan Mizanzuk, ser submetido à comprovação judicial. A defesa de Beatriz Abagge pedia anulação das condenações e reconhecimento da inocência, além de uma indenização por danos morais e materiais.

Nas redes sociais, após a decisão, Beatriz escreveu: “Não deu dessa vez, mas esperança a luta pela justiça jamais desistiremos [sic]”. Horas antes, ela havia dito que estava “sem muitas expectativas” sobre a revisão criminal.

Em janeiro de 2022, o Governo do Paraná pediu desculpas a Beatriz Abagge por meio de uma carta assinada pelo então secretário estadual de Justiça, Trabalho e Família, Ney Leprevost. “Expresso meu veemente repúdio ao uso da máquina estatal para prática de qualquer tipo violência, e neste caso em especial contra o ser humano para obtenção de confissões e diante disto, é que peço, em nome do Estado do Paraná, perdão pelas sevícias indesculpáveis cometidas no passado contra a Senhora”, diz.

O caso

O menino Evandro Ramos Caetano desapareceu em 6 de abril de 1992, aos seis anos de idade, durante trajeto entre a escola em que sua mãe, Maria Caetano, trabalhava e a casa em que morava. Ele teria dito que voltaria para casa após perceber que havia esquecido o mini-game.

Após dias de buscas, um corpo foi encontrado em meio a um matagal, e o pai de Evandro, Ademir Caetano, alegou ter reconhecido o filho devido a uma marca de nascença, embora o cadáver estivesse sem mãos, parte dos dedos, olhos e órgãos. À época, se levantou a hipótese de que ele teria morrido em um ritual de magia negra, e o grupo que incluía Beatriz Abagge foi preso.

O menino Evandro Ramos Caetano desapareceu em 6 de abril de 1992, em Guaratuba, no Litoral do Paraná — Foto: Reprodução

O primeiro julgamento de Beatriz e sua mãe, Celina Abagge, em 1998, durou 34 dias, o que o marcou como o mais longo da história da Justiça brasileira. Eles foram considerados inocentes, mas a decisão do júri foi anulada cerca de um ano mais tarde. Em 2011, após recurso do Ministério Público do Paraná (MPPR), dois dos acusados, Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos, foram absolvidos e o restante, condenado. Devido à idade de Celina, o crime, então, prescreveu.

O caso ganhou uma reviravolta em 2018, após virem a público as investigações realizadas pelo jornalista Ivan Mizanzuk, que teve acesso a áudios do interrogatório dos acusados, os quais apontam a submissão deles a sessões de tortura. O “Caso Evandro” virou série da Globoplay e ganhou mais notoriedade.

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