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Caos na BR-277 causou prejuízo de R$ 450 milhões, diz setor do turismo do Paraná

Desde outubro do ano passado, a via tem enfrentado deslizamentos de pedras e terras, além de rachaduras e afundamento na pista
Desde outubro do ano passado, a via tem enfrentado deslizamentos de pedras e terras, além de rachaduras e afundamento na pista

Redação

20/03/23
às
11:33

- Atualizado há 2 anos

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Os problemas registrados na BR-277 nos últimos meses causaram um prejuízo de R$ 450 milhões ao Litoral do Paraná durante a temporada de verão, segundo estimativas da Federação de Turismo do Estado (Feturismo). Embora o Governo do Paraná afirme que o verão tenha fortalecido a economia na região, a entidade se opõe ao método de comparação utilizado pela gestão, uma vez que se baseia em dados de 2022 e 2023.

De acordo com o presidente da federação, Fábio Aguayo, o setor de turismo sofreu com cancelamentos de reservas de hospedagens devido às condições de tráfego apresentadas pela rodovia que liga Curitiba ao Litoral do Paraná. “Muita gente optou por ir para Santa Catarina, que, apesar do bloqueio na BR-376, pelo menos teriam assistência em caso de problemas. Não tem como negar que houve prejuízo. Quem está na ponta sabe disso”, avaliou Aguayo, em entrevista ao Nosso Dia.

Foto: Divulgação/PRF

Desde outubro do ano passado, a via tem enfrentado deslizamentos de pedras e terras, além de rachaduras e afundamento na pista. Nesta segunda-feira (20), o tráfego na BR-277 flui com dois desvios operacionais, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF): nos km 42 e 33. O primeiro ocorre em razão de um deslizamento de terra registrado em outubro do ano passado e o segundo, por causa de um afundamento no asfalto, em fevereiro. No último dia 15, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) deu início às obras de contenção das fendas formadas no km 33 da via, como mostrou o Nosso Dia.

Sobre o prejuízo provocado pelos problemas citados, Fábio Aguayo defende que o Governo do Estado deveria ter comparado os números do verão de 2023 com o período pré-pandêmico, em 2020. A Organização Mundial da Saúde declarou o surto de Covid-19 como pandemia em março daquele ano.

Foto: Divulgação/DER-PR

“O Governo do Paraná quer comparar dados pós-pandemia. Comparamos com o período pré-pandemia. Ter lucro sobre o que tinha nada é fácil e espetacular. Importante é de onde parou no jogo normal”, afirmou Aguayo, que destacou que o litoral arrecadou quase R$ 2 bilhões em 2020. O governo afirmou ter injetado R$ 80 milhões no Verão Maior Paraná.

Na esteira da avaliação realizada pelo setor de turismo, o agronegócio estadual — representado pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná — também alega ter sofrido prejuízo por causa das condições da BR-277. O órgão estima um rombo que ultrapassa os R$ 600 milhões caso os produtos deixem de ser levados a Paranaguá e sejam encaminhados para o Porto de Santos (SP). Segundo a gestão estadual, apesar das chuvas e paralisações pontuais na BR-277, a movimentação nos portos de Paranaguá e Antonina ocorre normalmente.

O Nosso Dia procurou o Governo do Paraná para obter um posicionamento sobre as declarações da Feturismo, que enviou o seguinte retorno:

O Governo do Estado promoveu nesta temporada o Verão Maior Paraná, com mais de 20 shows gratuitos e ampla programação esportiva no Litoral. O investimento, que contemplou segurança, reforço na saúde, limpeza urbana, etc, ultrapassou R$ 80 milhões. As impressões repassadas pelos municípios litorâneos, população local e turistas foram de que esse foi o maior verão da história.

O Estado prioriza investimentos no Litoral justamente para promover a atração de turistas e investimentos. Tirou do papel a maior obra de revitalização da orla da história, em Matinhos, e já assinou o contrato de construção da Ponte de Guaratuba, outro investimento de mais de R$ 300 milhões. Também tem compromisso para a engorda da praia de Guaratuba, duplicação da rodovia entre Matinhos e Pontal do Paraná e duplicação do acesso de Garuva a Guaratuba.

Em relação às estradas, o Governo do Estado sempre defendeu que os contratos lesivos do Anel de Integração, envolvidos em escândalos, não fossem renovados. A partir dessa premissa, começou, ainda em 2019, a discutir o novo modelo com a União. Um estudo foi contratado, levou um prazo para ser realizado e ele deu origem ao projeto atual.

O modelo prevê mais de R$ 50 bilhões, um pacote robusto de obras e tarifas mais baixas em relação àquelas praticadas na antiga concessão, atendendo uma demanda da sociedade. Ele passou por audiências públicas em período de pandemia, com recorde de interações na história da ANTT, e alguns lotes ainda estão em análise no Tribunal de Contas da União (TCU).

Desde o fim das concessões, Estado e União contrataram empresas para manutenção das rodovias – o Estado, nas PRs, e a União nas Brs, como é o caso da BR-277. Os contratos da administração estadual somam R$ 93 milhões para os cinco lotes e todo o trabalho tem sido feito de maneira agilizada, atendendo a malha que ficou sob responsabilidade do DER.

Como havia limitação financeira por parte do governo federal, o Estado assumiu também o atendimento emergencial com guinchos nas rodovias estaduais e federais, mediante convênio, garantindo a continuidade dos serviços aos usuários.

O Governo do Paraná também assumiu no ano passado uma obra emergencial na BR-277 para ajudar o governo federal em um momento de transição e solicitou novos investimentos na rodovia e a manutenção do trecho que garante a ligação com o Litoral.

O Estado segue confiante que o novo modelo de concessão seja firmado em breve e que novos investimentos potencializem ainda mais a economia e o turismo paranaense nos próximos anos.

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