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Câmara de Curitiba aprova moção em apoio à Polícia Militar do Paraná por ações na UFPR

Diante do tumulto no curso de Direito da UFPR, a Polícia Militar do Paraná foi acionada, penetrou no edifício e, na dispersão dos envolvidos, houve confronto
Palestra na UFPR termina em confusão
Diante do tumulto no curso de Direito da UFPR, a Polícia Militar do Paraná foi acionada, penetrou no edifício e, na dispersão dos envolvidos, houve confronto

Redação*

18/09/25
às
6:55

- Atualizado há 11 segundos

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A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, em votação simbólica, nesta quarta-feira (17), uma moção relacionada ao ocorrido, no dia 9 de setembro, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), quando uma palestra sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de ser realizada no prédio da UFPR na praça Santos Andrade. A moção aprovada declarou apoio à Polícia Militar do Paraná, que se envolveu no incidente.

Na noite de 9 de setembro, manifestantes protestaram contra a realização da palestra “O STF e a interpretação constitucional”, no Salão Nobre do curso de Direito, que teria a participação dos vereadores Guilherme Kilter e Rodrigo Marcial, do Novo, e do advogado Jeffrey Chiquini. Em razão da oposição ao evento, a palestra não foi realizada, apesar de os palestrantes terem ingressado no prédio histórico da UFPR. Diante do tumulto no curso de Direito da UFPR, a Polícia Militar do Paraná foi acionada, penetrou no edifício e, na dispersão dos envolvidos, houve confronto.

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A Polícia Militar nos resgatou, diz Guilherme Kilter sobre ocorrido na UFPR

“Fomos empurrados até a sala dos professores, onde ficamos mais de 30 minutos trancados, porque a Polícia Militar teve que negociar com os alunos para eles nos liberarem de lá, mas não liberaram. A gente não podia sair”, relatou Guilherme Kilter, ao abrir o debate na tribuna da CMC. “A Polícia precisou entrar [na UFPR para] nos resgatar. Se fosse um ambiente democrático, não precisaria a Polícia entrar”, continuou o vereador, que assina as duas moções. Ele parabenizou o Coronel Sampaio, comandante do 33º Batalhão da PMPR, pela operação.

“A Polícia Militar é uma instituição séria, com homens e mulheres que fazem um trabalho sério, que dão suas vidas, que muitas vezes não querem partir para o confronto, tentam fazer um plano de negociação”, opinou Pier Petruzziello (PP), que assina a moção de apoio à corporação com Kilter. “Eu fiquei muito assustado quando vi vereadores dessa Casa e deputados estaduais criticando a Polícia Militar. A moção é para defender a PMPR”, opinou o parlamentar

Debate sobre a moção de apoio à ação da Polícia Militar na UFPR começou na segunda. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)

Egresso da UFPR, onde cursou Direito, Rodrigo Marcial foi convidado para mediar a conversa entre Kilter e Chiquini. “Nos 15 anos desde que entrei naquela faculdade, eu nunca vi algo parecido com o que aconteceu na terça-feira. Sempre houve debates ideológicos e até polêmicos, mas jamais esse nível de violência e intimidação”, disse o parlamentar, que é coautor da moção de apoio aprovada na Câmara de Curitiba. “Um aluno da faculdade de Direito levou um tapa no rosto e teve o celular roubado antes mesmo da palestra começar. Isso é absolutamente inaceitável e expõe o grau de violência política que estamos vivendo”, criticou.

Nota oficial da UFPR foi questionada por vereadores de Curitiba

Referindo-se à nota oficial da UFPR sobre o ocorrido, onde se atribuiu “uso de força desproporcional” à PMPR, Guilherme Kilter alegou que “não teve uso desproporcional de força, coisa nenhuma!”. “[Eles, a Polícia Militar] entraram para nos proteger, porque estavam sendo agredidos”, afirmou o vereador. Em apartes, Eder Borges (PL) comparou o caso ao assassinato do influencer de direita Charlie Kirk e disse que “nós sabemos que a universidade pública brasileira é uma fábrica de militantes, de idiotas e delinquentes”.

A vereadora Carlise Kwiatkowski (PL) disse que os manifestantes encurralaram autoridades e que, por isso, “temos que enfrentar essa ideologia dentro das nossas universidades com muita força”. Já a vereadora Sargento Tania Guerreiro (Pode) disse que “baderneiro tem mesmo é que ser contido pela PMPR”, antecipando a opinião de Da Costa (União), para quem “a PMPR agiu de forma impecável” e que “se está fazendo baderna […] a polícia tem que sentar a borracha mesmo”.

Olimpio Araujo Junior (PL) e a vereadora Delegada Tathiana Guzella (União) acusaram de hipocrisia quem recrimina a ação da PMPR na UFPR, mas, ao ser vítima de crime, procurar a corporação por socorro. Sobre a nota da UFPR, Marcial disse que ela deveria ter citado o público que foi à universidade para ver a palestra e foi agredido. “Eu nunca tinha olhado nos olhos de outra pessoa com desejo de extermínio e morte. Foi a primeira vez que vivi essa experiência e espero nunca mais passar por algo assim”, relatou o vereador do Novo.

Giorgia Prates critica uso político do episódio: “espetáculo para redes sociais”

Na avaliação da vereadora Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), o episódio na UFPR foi transformado em palco de disputa eleitoral. Ela apontou que a condução da crise serviu mais à autopromoção política do que à proteção da comunidade acadêmica. Para a vereadora, o confronto poderia ter sido evitado se tivesse prevalecido o diálogo, já que a universidade havia tomado a “decisão soberana” de cancelar a atividade para resguardar a segurança de estudantes e professores. Nesse sentido, a parlamentar acusou vereadores de transformarem a tensão em “espetáculo para redes sociais”.

Giorgia Prates também questionou a forma como a Polícia Militar foi inserida no episódio. Segundo ela, a corporação, que deveria ser respeitada pela função de segurança pública, acabou “usada como massa de manobra de uma situação eleitoreira”. Prates ressaltou que “todo extremismo é prejudicial à sociedade” e que “[o extremismo] não serve de nada, a não ser para provocar exatamente aquilo que vimos: confusão”. A parlamentar destacou que a radicalização não protege a cidade nem fortalece a democracia, mas apenas alimenta disputas de narrativa.

As falas da vereadora foram feitas em um segundo momento de discussão do ocorrido na UFPR, quando a Câmara já discutia a moção de protesto “contra os atos violentos dos militantes de extrema-esquerda que impediram a palestra”, apresentada por Kilter. A moção de apoio à PMPR foi aprovada em votação simbólica, com cinco votos contrários, que não são identificados, porque nesse tipo de contagem não é utilizado o painel eletrônico. Na semana que vem, a moção de protesto volta a ser debatida na segunda-feira (22).

UFPR diz que consultará a CMC sobre ação da PMPR

A Universidade Federal do Paraná e a Direção do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR divulgaram uma nota pública após o ocorrido. Nela, as autoridades acadêmicas afirmam que a ação da Polícia Militar no Prédio Histórico se deu “sem pedido” institucional e “com uso de força desproporcional”. A universidade informou que notificou o Comando da PMPR, a Defensoria Pública, a OAB-PR, o Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná, o Ministério Público Estadual e Federal, além da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Estado, para acompanhar a apuração dos fatos.

A nota também registra notificação à própria Câmara de Curitiba, a fim de esclarecer eventual solicitação de presença policial por parte da instituição ou de seus membros. No documento público, a UFPR ressaltou que adotará as medidas administrativas, legais e judiciais cabíveis para assegurar a proteção de sua comunidade e a preservação de sua autonomia universitária. A nota oficial da UFPR foi publicada no portal da universidade na internet.

*Com informações da Câmara de Curitiba

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