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A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, na manhã desta segunda-feira (24), em primeiro turno, o projeto da vereadora Carlise Kwiatkowski (PL) que concede o título de Cidadã Honorária de Curitiba à ex-primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro. A homenagem, segundo a autora, destaca sua atuação em acessibilidade, apoio às pessoas com deficiência, mobilização voluntária e defesa das famílias atípicas.
Em plenário, Carlise Kwiatkowski afirmou que a ex-primeira-dama “colocou a inclusão no centro do debate nacional, mobilizando mães atípicas, voluntários e instituições que acolhem pessoas em situação de vulnerabilidade”. A vereadora também ressaltou que, mesmo antes da projeção política, Michelle “já dedicava seu tempo ao voluntariado, ao ensino de Libras e ao apoio direto a famílias que enfrentam doenças raras”.
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O projeto recebeu 21 votos favoráveis e 6 contrários, atingindo a maioria simples necessária para aprovação em primeiro turno. A Cidadania Honorária é a maior honraria concedida pelo Legislativo a pessoas não nascidas na capital, conforme a Lei Complementar 109/2018. O título é equivalente ao de Vulto Emérito de Curitiba, destinado aos nascidos no município.
Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro nasceu em Ceilândia (DF) e foi primeira-dama do Brasil entre 2019 e 2023. Sua atuação pública inclui ações voltadas à inclusão de pessoas com deficiência, defesa da Língua Brasileira de Sinais e articulação de iniciativas para apoio a famílias em situação de vulnerabilidade. Durante seu mandato como primeira-dama, tornou-se a primeira mulher a utilizar Libras em um discurso de posse presidencial.
Segundo Carlise, “sua postura firme em defesa das pessoas com deficiência e das mães atípicas inspira mulheres em todo o país”. A vereadora citou ainda a articulação com entidades paranaenses, como o Instituto Pedro Gabriel, que atende crianças com mielomeningocele, e o apoio prestado a famílias que buscavam medicamentos de alto custo para crianças com doenças raras.
Os vereadores favoráveis à concessão da Cidadania Honorária de Curitiba a Michelle Bolsonaro ressaltaram a atuação social da ex-primeira-dama e defenderam que suas ações tiveram impacto também em Curitiba. Eder Borges (PL) descreveu Michelle como “verdadeira primeira-dama” e associou sua trajetória às políticas de apoio a doenças raras.
A Delegada Tathiana Guzella (União) destacou sua atuação como mulher cristã, voluntária e intérprete de Libras, reforçando o trabalho com mães atípicas e a defesa de pautas pró-vida. Olimpio Araujo Junior (PL) afirmou que Michelle se tornou “uma grande liderança feminina nacional”, capaz de inspirar mulheres de diferentes espectros ideológicos.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Fernando Klinger (PL), mencionou testemunhos de lideranças religiosas sobre a atuação voluntária da homenageada. Já Meri Martins (Republicanos) lembrou o pioneirismo do discurso em Libras na posse presidencial e afirmou que Michelle “não demonstra rancor mesmo diante das dificuldades pessoais e políticas que enfrenta”.
Lórens Nogueira (PP) citou o impacto, em Curitiba, das ações do Programa Pátria Voluntária, coordenado pela ex-primeira-dama, com destaque para o apoio ao Instituto Grupo Solidário Curitiba na distribuição de cestas básicas durante a pandemia. Guilherme Kilter (Novo) defendeu que Michelle se enquadra no requisito legal de ação filantrópica, citando a mobilização de milhares de voluntários em campanhas nacionais e o apoio a entidades que atuam com populações vulneráveis.
Carlise Kwiatkowski reforçou que Curitiba foi beneficiada pelo Pátria Voluntária. “O Complexo Hospitalar do Trabalhador recebeu reconhecimento [do programa] em três categorias, e instituições como a Liga Paranaense de Combate ao Câncer e o Pequeno Cotolengo também foram contempladas”. Segundo ela, “mesmo uma única mãe atípica que tivesse sido acolhida por ações do voluntariado já justificaria a homenagem — e foram milhares”.
Os vereadores contrários ao projeto argumentaram que Michelle Bolsonaro não cumpriria os requisitos da lei complementar 109/2018, que exige contribuições concretas para Curitiba. Vanda de Assis (PT) afirmou que o título demanda comprovação objetiva de ações voltadas ao desenvolvimento da cidade, o que, segundo ela, não estaria presente no projeto. A vereadora relacionou ainda a imagem da ex-primeira-dama ao enfrentamento da pandemia, ao aumento da insegurança alimentar e aos episódios de 8 de janeiro.
A professora Angela (PSOL) reforçou que não há registros de atividades diretas da homenageada em Curitiba e listou investigações envolvendo a ex-primeira-dama, defendendo prudência institucional: “aprovar uma honraria máxima exige lisura e responsabilidade”. O vereador Marcos Vieira (PDT) declarou voto técnico, afirmando que, embora reconheça o trabalho social de Michelle no âmbito nacional, não encontrou elementos objetivos que comprovassem contribuições pontuais e mensuráveis para Curitiba.
Camilla Gonda (PSB) criticou o que chamou de “inversão de prioridades” no plenário, argumentando que questões urgentes da cidade, como transporte coletivo e políticas sociais, não deveriam ser preteridas por debates de honraria. A proposição retorna nesta terça-feira (25) à Ordem do Dia, para votação em segundo turno.