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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse que Jair Bolsonaro “exerceu a função de líder da estrutura criminosa e recebeu ampla contribuição de integrantes do governo federal e das Forças Armadas, utilizando-se da estrutura do Estado brasileiro para implementação de seu projeto autoritário de poder”.
“Jair Bolsonaro foi fundamental para reunir indivíduos de extrema confiança do alto escalão do governo federal que integravam o núcleo central da organização criminosa, como Alexandre Ramagem e Anderson Torres. O núcleo central também tinha integrantes militares que ocupavam cargos estratégicos, como Augusto Heleno, Walter Souza Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier”, disse.
Segundo o ministro, o “grupo criminoso tomou de assalto as estruturas republicanas para se perpetuar no poder”, contando com a “expertise de táticas militares em razão de réus e demais membros integrarem as Forças Armadas, inclusive forças especiais”. Disse, ainda, que as funções executadas pelos réus caracterizam a organização criminosa.
Moraes: está claro e cristalino que Bolsonaro buscou apoio de militares por golpe de Estado
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse que está “claro e cristalino” que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro buscou apoio dos comandantes das Forças Armadas para dar um golpe de Estado. “Por que um presidente da República, às vésperas de terminar seu mandato, convocaria os comandantes das Forças Armadas, para discutir sua manutenção no poder? Essa foi reunião. A perpetuação no poder. Na ausência de um instrumento jurídico para a impugnação, só restava um instrumento: a força. A intervenção militar. É claro e cristalino é que o então presidente, líder da organização criminosa, pretendia o apoio, porque sem tropas ele não conseguiria naquele momento”, declarou.
Moraes fez uma evolução dos fatos como se falasse em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por essa sequência cronológica dos fatos, a falta de apoio dos comandantes das Forças Armadas ao plano golpista levou a uma tentativa derradeira de se manter no poder: fazer com que o povo clamasse por uma intervenção militar, o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023.
“Se não conseguir que os comandantes militares apoiem o golpe de Estado antes de terminar meu mandato, o que eu faço? Continuo demonstrando que não reconheço a legitimidade das eleições, da Justiça Eleitoral e nem a vitória do meu adversário. Viajo e a organização criminosa, esse é o conceito da autoria mediata, continua influenciando, instigando e coordenando, e o que não conseguir nesse momento, vamos organizar o chamado do povo brasileiro. E esse chamado, não do povo, mas de criminosos golpistas, resultou no 8 de janeiro. É uma sequência de atos executórios, em que organização criminosa, do início ao fim, pretendia a mesma coisa: a perpetuação no poder”, afirmou.
Segundo o ministro, ainda, a crise institucional, na cabeça dos integrantes da organização criminosa, era o fato de perder o poder. Disse que “não é golpista só quem oferece as tropas, quem pede as tropas também é”. Afirmou, também, que o ex-presidente, ao pedir o apoio das tropas militares, consumou um crime que tentou por todos os meios.