
- Atualizado há 4 anos
O deputado Homero Marchesi (Republicanos) criou polêmica ao se posicionar contra a criação de uma bancada feminina na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), nesta terça-feira (26), durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça. Segundo o parlamentar, o projeto cria uma “cota para a maioria”, levando em consideração a totalidade da população paranaense. Na Alep, porém, apenas cinco dos 54 deputados são mulheres, cerca de 9%.

A fala de Marchesi aconteceu em resposta à deputada Maria Victoria (PP), que defendia a medida. Segundo o deputado do Republicanos, dados do Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) apontam uma equidade entre os nascimentos de homens e mulheres, mas elas viveriam mais, o que apontaria para essa maioria atual no estado.
“Esse projeto estabelece uma cota de 30% para mulheres na mesa diretora e uma bancada feminina, que dá direito a voto e provavelmente a cargo, então provavelmente a gente está criando cota para a maioria. Eu não sei porque, mas as mulheres são maioria na cidade, se as mulheres são minoria na Assembleia é porque as mulheres quiseram isso. É um projeto que vai beneficiar uma minoria que foi escolhida por uma maioria”, disse Marchesi.
Após a fala, Marchesi pediu vistas na discussão e suspendeu a tramitação do projeto.
Reação na Alep
Diante da fala, a repercussão foi imediata. O deputado Tião Medeiros (PP) citou a história da Alep ao defender que a Casa sempre teve uma minoria feminina e algo precisa ser feito.
“Óbvio que a mulher pode ter em índices estatísticos a maioria da população, mas isso não reflete a realidade da Assembleia há anos. Eu não me recordo e não deve ter havido uma legislatura em que as mulheres foram maioria, pelo contrário, historicamente sempre foram minoria na Casa. O projeto de resolução é que se assegure a participação na mesa, eu não vejo inconstitucionalidade, ilegalidade, absurdo nenhum”, disse o deputado do PP.
A deputada Cristiana Silvestri (PSDB) destacou que as mulheres nunca possuíram a representatividade almejada.
“Nós nunca tivemos essa representatividade, em nenhum lugar, nas Câmaras Municipais, nas Assembleias Legislativas ou nas Câmaras Federais. Nós somos uma maioria realmente, 52%, então queremos ter esse direito de voto, de voz. Quando nós falamos de democracia, temos que ter igualdade, temos que ter representatividade, mas não somos”, destacou.
Nas redes sociais, Luiz Claudio Romanelli também fez críticas ao deputado.
“Lamento a fala do deputado estadual Homero Marchese (Republicanos), contra a criação da bancada feminina na Assembleia. Com sorriso irônico, ele demonstrou profundo desconhecimento e indiferença frente às dificuldades e barreiras impostas às mulheres na sociedade brasileira. A fala contraria tudo que sabemos sobre a problemática da representatividade feminina. Desmerecer a luta de tantas mulheres é lamentável”, postou.
Segundo a proposta, além dos votos conjuntos, as deputadas teriam mais poder administrativo. Elas poderiam, por exemplo, indicar membros para as Comissões da Casa e participar do Colégio de Líderes, órgão consultivo da Assembleia integrado por todas as lideranças de partidos e blocos parlamentares.

A proposta também determina que as deputadas tenham pelo menos 30% de participação da Mesa Diretora, que é composta por nove integrantes – presidente, primeiro, segundo e terceiro vice-presidentes, além de cinco secretários.