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Autoridades investigam se havia ‘ceva’ no local em que caseiro foi morto por onça no Pantanal

Segundo a Polícia Ambiental, em muitos locais turísticos, existe a prática de deixar sistematicamente alimentos para atrair a fauna silvestre de forma que os animais sejam vistos pelos turistas
Caseiro de 60 anos foi encontrado morto após ser atacado por uma onça-pintada na região isolada de Touro Morto, localizada no município de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. Foto: Reprodução/Rede Social
Segundo a Polícia Ambiental, em muitos locais turísticos, existe a prática de deixar sistematicamente alimentos para atrair a fauna silvestre de forma que os animais sejam vistos pelos turistas

Redação com Estadão Conteúdo

24/04/25
às
8:19

- Atualizado há 13 segundos

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Autoridades investigam se havia ‘ceva’ no local em que o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi atacado e morto por uma onça-pintada em Aquidauana, no Pantanal, em Mato Grosso do Sul. Segundo a Polícia Ambiental, em muitos locais turísticos, existe a prática de deixar sistematicamente alimentos para atrair a fauna silvestre de forma que os animais sejam vistos pelos turistas.

Ainda de acordo com a Polícia Ambiental, essa prática de ceva contraria dispositivos da lei federal que trata dos crimes ambientais e de uma lei estadual que dispõe sobre a proteção da fauna no Mato Grosso do Sul. Há, ainda, uma resolução da Secretaria Municipal de Administração (Semad) proibindo a ceva no estado.

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O homem, que trabalhava como caseiro de um pesqueiro particular, desapareceu na segunda-feira, 21. Turistas que foram até a casa dele, na região conhecida como Touro Morto, para comprar mel, viram marcas de sangue pelo chão e chamaram a polícia. Uma equipe da Polícia Militar Ambiental chegou ao local de helicóptero e localizou o corpo, parcialmente devorado pelo animal, nesta terça-feira, 22.

A região, banhada pelos rios Miranda e Aquidauana, é destino do turismo ecológico, recebendo turistas e pescadores do Brasil e do exterior. A presença de turistas, que acabam deixando restos de alimentos para os animais, favorece o encontro de pessoas com a fauna local.

Ataques a humanos são raros

Conforme a Polícia Ambiental, ataques de onças a humanos são muito raros e acontecem quando há escassez de alimentos ou se o animal se sente ameaçado. Também pode acontecer no período reprodutivo, quando a onça tem instinto de proteger sua prole. No caso do caseiro, ele manipulava mel de abelhas e o cheiro pode ter atraído o animal.

Ambientalistas temem ataques às onças

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que desenvolve programa de proteção dos grandes felinos do Pantanal, ressaltou a importância do desenvolvimento da ciência, incluindo a ciência cidadã, para aprimorar a coexistência do ser humano com a onça-pintada. O temor é de que o ataque ao caseiro desencadeie uma onda de hostilidades contra a espécie.

No dia 20, um dia antes do ataque ao caseiro, uma onça-pintada foi encontrada morta, boiando no Rio Paraguai, próximo de Corumbá. “Ainda não se sabe o que causou a morte dessa onça-pintada e nem em qual região ela morreu”, diz o instituto.

O IHP, que atua com o desenvolvimento científico para a conservação do Pantanal e da sua biodiversidade, ofereceu auxílio técnico para este caso e acompanha também o caso do ataque em Aquidauana, que não tem relação com o da onça achada no rio. “A onça-pintada é símbolo da biodiversidade brasileira e a morte de um indivíduo da espécie pode gerar diferentes prejuízos para a conservação no médio e longo prazo”, diz, em nota, sobre a onça morta.

Símbolo da biodiversidade brasileira

O biólogo Gustavo Figueiroa, da Ong SOS Pantanal, usou sua página no Instagram para informar que as onças-pintadas não podem ser consideradas vilãs. “A onça-pintada não é por natureza um animal perigoso para o ser humano. É um felino reservado que evita o contato com as pessoas e não representa ameaça direta quando não há uma provocação ou interferência humana”, diz, em vídeo.

Ele lembra que casos de ataques não provocados por ação humana são extremamente raros. O biólogo contou que ele próprio já teve seis encontros com onça-pintada a pé, em locais em que poderia ser atacado, mas usou a estratégia de se afastar devagar e a onça seguiu seu caminho. Caso a onça não se afaste, a pessoa deve gritar, mexer os braços e fazer barulho com galhos e objetos para afugentá-la.

Conforme Figueiroa, a presença de onças-pintadas no Pantanal não é apenas um símbolo da biodiversidade brasileira, mas também uma fonte vital de renda para milhares de famílias que vivem do turismo de observação da fauna. “A atividade fomenta a conservação da espécie e contribui para o desenvolvimento ambiental da região”, diz.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) informou que, após a ocorrência, uma equipe da PMA, acompanhada pelo pesquisador Gediendson Ribeiro de Araújo, da UFMS, especialista em manejo de onças-pintadas, seguiu para região para iniciar as buscas pelo animal.

O objetivo é fazer a captura e levar a onça para Campo Grande, onde será alojada no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres.

“Em virtude do avistamento de alguns animais da mesma espécie na região haverá um trabalho minucioso para identificar a onça-pintada que supostamente realizou o ataque. Outra situação que deve dificultar as buscas é o volume de chuvas que aumentou os níveis dos rios. Objetivo é identificar animal, confirmar o ataque, e dar devidos encaminhamentos”, diz, em nota.

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