Um ataque aéreo israelense na região central da Faixa de Gaza, na madrugada desta quinta-feira, 6, matou 37 pessoas em um complexo escolar da ONU convertido em abrigo para refugiados internos, segundo fontes médicas locais. O Exército de Israel alegou que o alvo do ataque eram membros do grupo terrorista Hamas, incluindo alguns que teriam participado dos ataques de 7 de outubro.

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Enquanto o governo israelense alega que estava combatendo uma insurgência renovada do grupo terrorista, oficiais palestinos disseram ontem que as vítimas do ataque eram civis. Muitos dos mortos e feridos foram levados para o Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, uma cidade próxima do local do ataque, em Nuseirat.

O hospital estava tão lotado de feridos e corpos que os médicos encontravam dificuldade para se locomover pelos corredores caóticos, segundo relato do New York Times. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que entre os mortos havia ao menos 14 crianças e 9 mulheres. O tenente-coronel Peter Lerner, um porta-voz militar israelense, disse que não estava ciente de "qualquer baixa civil" como resultado do ataque.

O porta-voz chefe do Exército, contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que as forças israelenses rastrearam militantes usando salas de aula no complexo como uma base por três dias antes de abrir fogo. Segundo ele, nove combatentes estavam entre os mortos.

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O diretor da agência da ONU para refugiados da Palestina (UNRWA, na sua sigla em inglês), Philippe Lazzarini, afirmou que as forças israelenses bombardearam a escola "sem aviso prévio". Segundo ele, o local abrigava 6 mil refugiados internos.

Pelo menos uma bomba usada no ataque israelense parecia ter sido fabricada nos EUA, segundo um especialista em armamentos e vídeos analisados pelo Times. De acordo com o jornal, restos de uma GBU-39 estavam visíveis em um vídeo verificado - uma bomba projetada e fabricada pela Boeing.

Pelo menos 140 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos nos últimos dias durante a ofensiva israelense na região central de Gaza, segundo o porta-voz do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, Khalil Daqran. Seu hospital é o último ainda em funcionamento nessa região do enclave.

Pedido

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A ofensiva militar em Gaza ocorre enquanto as conversas de cessar-fogo entre Israel e Hamas permanecem estagnadas. As demandas contraditórias dos dois lados reduzem as esperanças de sucesso do plano. Nesse sentido, os presidentes Joe Biden, Luiz Inácio Lula da Silva e outros 15 líderes, incluindo dirigentes europeus e latino-americanos, pediram com urgência que o Hamas aceite um acordo de cessar-fogo com Israel.

"É hora de a guerra terminar e esse acordo é o ponto de partida necessário", declarou a Casa Branca em comunicado assinado em conjunto com os líderes.