- Atualizado há 2 anos
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Centenas de aprovados no concurso da Polícia Civil do Paraná (PCPR) de 2020 se organizaram em uma comissão para cobrar a convocação e nomeação por parte do Governo do Estado. No certame daquele ano, 2.247 candidatos foram aprovados, sendo 376 para o cargo de delegado, 1.524 para investigador e 347 para o de papiloscopista.
O grupo de aprovados é atualmente composto por mais de 1.800 pessoas, sendo a maioria para o cargo de investigador de polícia (1.324). Em um dossiê que reúne dados e justificativas para a convocação, os aprovados citam os adiamentos do concurso devido à pandemia de Covid-19, a defasagem no quadro de efetivos da Polícia Civil do Paraná e a falta de investimentos em novas contratações.
“Se considerarmos o crescimento populacional do Estado do Paraná nos últimos anos e também do agravamento, ao nível nacional, da criminalidade, o efetivo da PCPR, estabelecido pela LC n° 96/2002 e pela Lei 18.115/2014, torna a situação do déficit de servidores muito mais alarmante e desconexa com a realidade da segurança pública paranaense”, citam eles no documento ao qual o Portal Nosso Dia teve acesso.
Os aprovados argumentam ainda que o Paraná ocupa a terceira pior posição do país em relação ao déficit na Polícia Civil se comparado aos demais estados brasileiros e considerado a relação entre o número de habitantes e a quantidade de investigadores. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, o Paraná contava com 342 delegados, 728 escrivães e 2.410 investigadores de Polícia Civil. Naquele ano, o Estado tinha cerca de 11,8 milhões de habitantes, segundo dados preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná, há um déficit de investigadores que esbarra nos 50% no estado mais populoso da região Sul do Brasil. “Isso reflete no policial, que vai ter problemas psicológicos e precisar de afastamento. A população também é afetada por essa defasagem porque muitas delegacias chegam a fechar para que o policial transporte presos para outras cidades. Nós temos menos de 50% do efetivo do nosso quadro criado em 1982”, afirmou a presidente do sindicato, Valquiria Gil Tisque.
Tisque destacou ainda que o sindicato possui preocupação com o cenário e que encaminhou ofícios ao Governo do Estado e acionou o Ministério do Público do Paraná na tentativa de integrar os aprovados no quadro efetivo da corporação.
O dossiê criado pelo grupo de aprovados aponta ainda que o Paraná conta com apenas um papiloscopista para cada 39.851 habitantes, o que, segundo eles, “prejudica consideravelmente a resolução de crimes”. Em números absolutos, a quantidade de profissionais da área na composição da Polícia Civil era de 293 em 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
“Mesmo chamando todos os aprovados hoje, não conseguimos preencher todos os cargos vagos na Polícia Civil. Um agravante é que esse quadro é antigo, definido a 20 anos atrás, ou seja, há 20 anos precisávamos do dobro do que temos hoje disponível na Polícia Civil do Paraná. A única coisa que pedimos é o aproveitamento de toda a lista de aprovados até o último colocado e que isso seja o mais rápido possível”, disse Wellington Gross, que foi aprovado para o cargo de investigador no concurso de 2020, e representa o grupo de escolhidos pelo certame daquele ano.
O governador Ratinho Jr. (PSD) anunciou em junho do ano passado a convocação de novos profissionais — que fizeram o concurso em 2020 — para compor o quadro da Polícia Civil do Paraná: 150 delegados, 200 investigadores e 50 papiloscopistas.
Morador da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), Marlos Pereira foi aprovado no concurso da Polícia Civil em 2018 e também aguarda ser convocado. “No ano passado, tivemos uma escola de Polícia Civil com 150 delegados, investigadores e uma pequena reposição de escrivães e papiloscopistas. Quanto mais delegados se coloca, maior é a necessidade por investigadores e escrivães. Foi colocado um número muito grande de delegado e, agora, se faz necessário a convocação dos outros profissionais para as investigações fluírem”, afirmou ele.
Procurada pelo Portal Nosso Dia, a assessoria da Polícia Civil se limitou a informar que “logo será chamada uma nova turma”. Ao ser questionada sobre uma previsão para tal medida, respondeu que deve ocorrer “nos próximos meses”.