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As pessoas feridas pelo tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu e Guarapuava, na Região Centro-Sul do Paraná, começam agora uma nova etapa. Depois da alta hospitalar, o desafio é voltar para casa — ou o que restou dela — e recomeçar a vida. O sentimento, segundo os pacientes, é de alívio e gratidão pelo atendimento prestado nas unidades de saúde que atuaram desde os primeiros momentos da tragédia.
Entre os sobreviventes está Marlene Nunes da Silva, de 51 anos, moradora de Guarapuava. Natural de Lajeado (RS) — uma das cidades mais atingidas pelas enchentes gaúchas —, ela viu novamente a força da natureza transformar sua vida. A casa foi destruída, e ela sofreu três fraturas nas costelas, ferimentos no rosto e um corte profundo na cabeça, que exigiu dez pontos.
“Quando eu entrei no carro, andamos um pedaço e eu não vi mais nada. Só fui acordar no hospital, com tudo em cima de mim e muito sangue. Eu e meu marido fomos arremessados a mais de dez metros”, recorda. Internada no Hospital São Vicente de Paulo, Marlene recebeu alta na segunda-feira (10). “Nós ainda tivemos a sorte de estarmos vivos. Agora é reconstruir tudo e agradecer a quem nos ajudou”, diz emocionada.
A aposentada Dirce Padilha, de 68 anos, também teve ferimentos durante o tornado e precisou de internamento no Hospital Regional do Centro-Oeste, em Guarapuava, por causa de uma fratura no joelho. A filha, Célia Padilha, conta que a mãe recebeu alta no domingo (9), mas ainda não pôde voltar para casa. “Ela foi para um abrigo em Laranjeiras do Sul porque a minha casa, em Rio Bonito do Iguaçu, não tem condições ainda. Só tenho a agradecer aos profissionais do hospital, que foram muito atenciosos”, relata.
Elas estão entre as 835 pessoas atendidas em consequência direta do tornado. Cada alta hospitalar tem representado um marco de superação para famílias inteiras, que agora enfrentam o desafio de reconstruir o que o vento levou.
Desde o desastre, equipes de saúde, resgate e assistência social se mobilizaram em conjunto com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e prefeituras. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) coordenou o envio de insumos, suporte técnico e apoio logístico para garantir atendimento rápido e humanizado às vítimas.
“O Paraná respondeu com agilidade, integração e muito cuidado”, afirmou o secretário estadual em exercício, César Neves. “Ver esses pacientes deixando o hospital e iniciando um novo recomeço, mesmo diante de tantas perdas, nos traz um sentimento de acalento e esperança.”
Até o momento, 26 pessoas permanecem internadas em decorrência do tornado, sendo três em UTIs. Dez pacientes estão em Guarapuava, treze em Laranjeiras do Sul e três no Hospital Universitário de Cascavel.