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Após reportagem de cargo de enteada, vereadoras pedem investigação sobre Eder Borges

Giorgia Prates, Professora Angela, Camilla Gonda e Vanda de Assis pediram investigação sobre Eder Borges após reportagem do The Intercept Brasil
Eder Borges (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)
Giorgia Prates, Professora Angela, Camilla Gonda e Vanda de Assis pediram investigação sobre Eder Borges após reportagem do The Intercept Brasil

Redação*

06/05/25
às
8:11

- Atualizado há 8 segundos

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Quatro vereadoras pediram, nesta segunda-feira (5) que a Corregedoria da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) investigue o mandato de Eder Borges (PL), após uma reportagem do The Intercept Brasil acusar o parlamentar de praticar nepotismo e de se beneficiar de um cargo comissionado no Instituto Municipal de Turismo. Ao se defender, Borges classificou a notícia de “fofoca” e “fake news”. Ela foi publicada online no dia 30 de abril com o título “Vereador bolsonarista de Curitiba Eder Borges emprega enteada como chefe de gabinete por R$ 17 mil”.

“Se as denúncias forem confirmadas, são de extrema gravidade. Que os fatos sejam apurados pelas instâncias competentes”, afirmou a vereadora Professora Angela (PSOL), que foi a primeira a se referir à reportagem do The Intercept Brasil na sessão plenária desta segunda-feira. Ela ponderou que as notícias “não podem ser ignoradas” e que a “preservação da dignidade da Casa” estava em jogo com a história. “Ninguém está imputando crime a ninguém, mas a gente tem o dever de apurar os fatos”, complementou Camilla Gonda (PSB), segunda-vice-corregedora da CMC.

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Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) confirmou que representará formalmente contra Eder Borges neste caso, tanto na Corregedoria da Câmara de Curitiba, quanto no Ministério Público do Paraná. “Tenho a convicção que quem age com integridade não deve temer as apurações. Há indícios de possível prática de nepotismo e de mau uso de verba pública”, frisou a vereadora. No caso, a reportagem diz que Eder Borges namora Andreia Gois Maciel, que ela se apresentava como assessora do mandato enquanto era comissionada do Instituto Municipal de Turismo, e que é a mãe de Victoria Maciel de Almeida, atual chefe de gabinete do vereador.

“É uma vergonha o que a gente está passando. A Casa precisa tomar uma decisão séria, de investigação”, concordou Vanda de Assis (PT), para quem o caso põe em dúvida a relação entre Legislativo e Executivo, na medida que “[Andreia tinha] cargo comissionado na prefeitura]. Nosso papel é fiscalizar, mas será que essa Casa vai conseguir investigar, somos autônomos para fazer isso?”, questionou a parlamentar. As parlamentares destacaram a repercussão local do caso, no jornal Plural, e cobraram manifestações dos demais vereadores. Hoje, Eder Borges utilizou o Pequeno Expediente para rebater as acusações.

“Meu jurídico já está atuando contra essas fake news”, rebate Eder Borges

“Já que fui provocado, venho aqui dizer, muito brevemente, que o meu jurídico já está atuando contra essas fake news desse blog de fofocas, The Intercept [Brasil], totalmente frágil, nada tem a ver. Por sinal, a Victoria está aqui me filmando, e foi questionada só porque é mulher e jovem, como se minha enteada fosse. Todo mundo sabe que ela trabalha, todo mundo sabe do trabalho do nosso gabinete. Eu não vou dar atenção, não vou fazer alarde, não vou dar palco a essas fofocas e fake news da esquerda”, defendeu-se, no início da sessão de hoje, o vereador Eder Borges, na Câmara de Curitiba.

“[A esquerda] pretende, com isso, única e exclusivamente, cessar o debate. Quer bloquear as minhas falas e agora fica inventando fofoca barata. O meu jurídico está atuando e nos manifestaremos, oportunamente, nos autos. Eu não devo satisfação para esquerdista. Agora, ver esquerdista cobrando moralidade, é pra acabar, né, minha gente”, disse Borges, concluindo seu pronunciamento sobre o caso. A fala foi transmitida ao vivo pelo canal da CMC no YouTube e registrada, em plenário, pela sua chefe de gabinete, citada na reportagem do The Intercept Brasil.

Ku Klux Klan: vereadora anuncia representação contra Eder Borges

A vereadora Giorgia Prates anunciou hoje (5), em plenário, que também levou à Corregedoria da CMC e ao Ministério Público do Paraná o teor das falas de Eder Borges, no dia 22 de abril, quando o vereador mencionou a Ku Klux Klan (KKK) na Câmara de Curitiba. Na ocasião, o parlamentar disse que a organização foi uma resposta dos brancos ao “empoderamento” dos negros, “que estavam se armando”. Após Prates reagir, recriminando a menção à Klan, que ela lembrou ser notoriamente conhecida pelo seu supremacismo branco e extremismo, perseguindo e executando pessoas negras nos EUA, Borges criticou a KKK.

“Quando questionei a fala [de Eder Borges sobre a Ku Klux Klan] e apontei esse fato [da perseguição racista e assassinato de pessoas negras nos EUA], a reação [do vereador] foi me ofender. Diante disso, entendi que seria necessário provocar a análise da Corregedoria e do Ministério Público sobre a compatibilidade de declarações como essa com os deveres do mandato de um vereador”, justificou Giorgia Prates. As representações contra vereadores são analisadas pela Corregedoria da Câmara de Curitiba, hoje liderada por Sidnei Toaldo (PRD).

No momento, duas sindicâncias estão em aberto, formalizadas pelas portarias 6 e 7 de 2025, nas quais, respectivamente, Prates acusa Borges de transfobia nas redes sociais e Bruno Secco acusa Professora Angela de falsa imputação de crime. Desde o início do ano, quando começou a atual legislatura, outras cinco representações já foram analisadas por Sidnei Toaldo, que optou por arquivá-las. No início de abril o corregedor da CMC pediu à Mesa Diretora que fosse criado um protocolo contra o sensacionalismo na Câmara, mais voltado às visitas e fiscalizações parlamentares, de forma a coibir abordagens abruptas e gravações com viés de autopromoção.

No que pode resultar uma sindicância na Câmara de Curitiba?

Conforme o artigo 36 do Código de Ética e Decoro Parlamentar (CEDP) da Câmara de Curitiba, encerrada a investigação, o corregedor deve apresentar relatório de suas conclusões sobre os fatos, “devendo recomendar medidas preventivas, medidas de redução de dano, ou medidas compensatórias, quando cabível”. Contudo, havendo indícios do cometimento de infração ético-disciplinar ou de procedimento incompatível com o decoro parlamentar, o corregedor deve formalizar uma representação contra o vereador suspeito, “requerendo a instauração do procedimento disciplinar competente”. Eventuais punições podem variar de censura pública, suspensão de prerrogativas regimentais, suspensão de mandato, ou até mesmo cassação de mandato.

*Com informações da Câmara Municipal de Curitiba

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