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Após polêmica com panfleto sobre drogas, vereador pede cassação de Professora Angela na Câmara de Curitiba

Vereador Da Costa Perdeu Piá classificou o conteúdo como “absurdo” e disse enxergar no panfleto “fortes indícios de apologia ao crime”
Da Costa do Perdeu Piá protocolou pedido de cassação do mandato da vereadora Professora Angela. Foto: Geovane Barreiro/ Portal Nosso Dia
Vereador Da Costa Perdeu Piá classificou o conteúdo como “absurdo” e disse enxergar no panfleto “fortes indícios de apologia ao crime”

Angelo Binder e Geovane Barreiro

06/08/25
às
16:45

- Atualizado há 7 horas

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O vereador da Costa do Perdeu Piá (União) protocolou na tarde desta quarta-feira (6) um pedido de cassação do mandato da vereadora Professora Angela (PSOL), após a distribuição de um panfleto com orientações sobre drogas durante uma audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba. O material — que trata da política de redução de danos — foi entregue ao público durante a Sessão Pública de Saúde, Segurança e Políticas de Drogas, promovida pelo mandato da parlamentar.

Em entrevista concedida em frente à Câmara Municipal, o vereador classificou o conteúdo como “absurdo” e disse enxergar no panfleto “fortes indícios de apologia ao crime”.

“Se você ler aqui, no próprio panfleto, ele fala sobre maconha, sobre cocaína, êxtase, cogumelo, LSD, crack. Inclusive, no LSD, ele fala assim: ‘conheça a substância e inicie em pequenas quantidades’. O que querem dizer com isso? Para começar com menos e depois aumentar?”, questionou o vereador.

Segundo Da Costa, o material estava disponível em uma mesa, na entrada do auditório, com acesso livre a todos que chegavam para a audiência.

“A gente não compactua com isso. Quando vi aquilo, fiquei chocado”, afirmou. “Passei a madrugada trabalhando com a minha equipe e formalizei um pedido de cassação. Também estou levando pessoalmente esse material ao Ministério Público.”

Fiscalização entre parlamentares

Durante a entrevista, questionado pela reportagem do Portal Nosso Dia, Da Costa também comentou o aspecto incomum da situação: um vereador fiscalizando outro vereador. “A principal prerrogativa do parlamentar é fiscalizar o Executivo. Mas, nesse caso, a gente precisa agir porque isso aqui ultrapassa todos os limites”, afirmou.

O vereador disse ainda que, apesar de a audiência ter sido oficialmente comunicada com o título “Segurança Pública, Saúde e Política de Drogas”, não se imaginava que haveria distribuição de materiais com conteúdo que, segundo ele, “ensina as pessoas a utilizarem drogas”.

Recepção e embate

Ao chegar ao local da audiência, o vereador filmou parte do que acontecia na entrada do auditório e publicou o vídeo em suas redes sociais. No entanto, a presença dele gerou reação entre participantes do evento.

“Eu cheguei na porta, comecei a filmar e falei baixinho para não atrapalhar. Quando me viram, o pessoal já veio para cima, empurraram meus assessores, tentaram impedir que a gente mostrasse o que estava acontecendo ali.”

Na transmissão oficial da Câmara no YouTube, em determinado momento, assessores da vereadora Professora Angela convidam o vereador da Costa a participar da audiência, mas ele permaneceu do lado de fora.

“Eu tentei explicar até para as outras vereadoras que estavam ali: se elas amam mesmo aquelas pessoas, têm que incentivar a deixar as drogas, não ensinar como usar”, disse o parlamentar.

Visão sobre política de drogas

Questionado pelo Portal Nosso Dia, sobre sua visão sobre as políticas públicas de combate às drogas, da Costa falou com base em sua experiência como policial militar. Ele relatou casos graves vividos durante o patrulhamento e defendeu ações preventivas mais rígidas.

“Já tive que fazer massagem cardíaca por mais de 40 minutos numa pessoa em overdose. Já resgatei criança recém-nascida com cordão umbilical queimado com isqueiro, porque a mãe era usuária de crack”, contou. “Isso aqui é a porta de entrada para muitos outros crimes.”

“Hoje a população reclama da falta de segurança, de assaltos, celulares roubados. Muitas vezes, isso acontece porque o dependente quer sustentar o vício. É por isso que eu luto contra o uso de drogas.”

Processo de cassação

O pedido apresentado por da Costa será analisado pela Comissão de Ética e pela Corregedoria da Câmara. Caso avance, poderá ser votado em plenário.

“Acredito que agora cabe à Casa analisar. Vai passar pelas comissões, pode ir ao plenário, e aí os vereadores decidirão pela permanência ou não da vereadora”, concluiu.

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