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O macaco-prego Tiba criado como filho por uma família há 35 anos foi recolhido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na terça-feira (06), em Serranópolis do Iguaçu, no oeste do Paraná. O animal foi levado mesmo estando bem tratado e sem sinais de maus-tratos.
Tiba foi adotado ainda filhote, aos três meses, por Sandro e Joyce. Desde então, cresceu vivendo como animal doméstico. “Ele nunca viveu na selva nem em cativeiros. Macaco não vai ter condições de sobreviver em outro lugar”, disse a advogada da família, Gabriela Ben, ao Portal Catve.com.
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Segundo ela, uma denúncia feita há cerca de seis meses mobilizou a Polícia Ambiental. O órgão constatou que o animal era bem cuidado e o deixou sob os cuidados da família. Os responsáveis foram autuados, pagaram multa e passaram a recolher uma taxa mensal para manter o animal sob guarda.
Uma nova denúncia, entretanto, levou à retirada de Tiba na última terça-feira (6). O animal foi levado para um lar temporário sob orientação do Ibama. A família afirma que não foi informada com antecedência e diz estar “desesperada” com a situação. Também garante que seguirá buscando apoio legal e mobilização popular para tentar reaver a guarda de Tiba.
A advogada Gabriela conta que, ao ser recolhido, o animal foi colocado em uma caixa de transporte. Vídeos gravados mostram Joyce cuidando do macaco (veja acima).
“Estão matando o animal e, consequentemente, a família também. Porque ele é um membro da casa, não pertence à selva”, disse a advogada. Abalada com a situação, a tutora, de 80 anos, precisou ser hospitalizada com pressão alta.
Até o momento, os responsáveis não conseguiram informações sobre o local exato para onde ele foi levado. “Fizeram uma denúncia maldosa há uns seis meses. Quando a equipe veio aqui, viram que ele era muito bem cuidado, e ainda tinha a questão de ser um animal idoso”, relatou uma das integrantes da família.
Advogada diz que Ibama seguiu protocolos, mas animal vai morrer em cativeiro
Em nota, a representante legal da família, Gabriela Ben, afirma que o órgão de fiscalização seguiu os protocolos legais, com base nas normas legais utilizadas para proteger as espécies silvestres. Contudo, nesse caso específico, o macaco não deve sobreviver em cativeiro pelo fato de ter sido criado em contexto doméstico.
“Com mais de 3 décadas de convivência com humanos, já idoso adaptado, o animal não tem mais condições físicas ou emocionais de se reintegrar a centros de triagem ou criadouros. Sua saúde já dá sinais de colapso”, diz um trecho da nota. Leia o texto na íntegra abaixo:
“Durante 35 anos, uma família foi o lar de um animal silvestre que, por razões desconhecidas do grande público, jamais retornou à natureza. Eles não o compraram, não o caçaram, não o exploraram, apenas o acolheram.
Com o tempo, aquele animal tornou-se parte da rotina, do afeto e da história daquele lar. Era um lar temporário, sim, mas com o passar das décadas, tornou-se o único lar que ele conheceu.
Ele foi criado como filho.
Mas recentemente, o IBAMA decidiu retira-lo da família. Seguindo protocolos legais, o órgão de fiscalização agiu com base em normas ambientais que , em tese, existem para proteger a fauna.
O problema é que, nesse caso, a decisão condenou o animal a um destino cruel: ele não sobreviverá à separação.
Com mais de 3 décadas de convivência com humanos, já idoso adaptado, o animal não tem mais condições físicas ou emocionais de se reintegrar a centros de triagem ou criadouros. Sua saúde já dá sinais de colapso. O estresse da remoção, a perda do vínculo afetivo a mudança abrupta de ambiente o levarão, muito provavelmente, à morte, lenta, silenciosa e invisível para o público.
A pergunta que fica é: quem estamos realmente protegendo?
As leis ambientais são fundamentais e devem ser respeitadas. Mas a letra da lei ignora a realidade da vida, ela perde sua humanidade. Um animal silvestre não é um objeto que pode ser retirado e realocado sem consequências.
Ele sente, sofre, adoece, assim como nós.
Hoje essa família chora, não apenas pela perda iminente de um companheiro de tantos anos, mas pela dor de saber que, ao agir dentro da legalidade, o Estado causou o oposto da preservação: causou crueldade.
Dona Joice, já se encontra acamada.
Sandro, adoecido.
E do tiba? Ninguém sabe dizer.
Eu mesma, de menininha, vi e cresci com Tiba.
Essa decisão unilateral do Ibama, atinge com maldade a família e o macaco.
Nos ajude a recuperar o tiba!”
O Ibama ainda não se pronunciou sobre o caso.
As informações são do Catve.com.