- Atualizado há 8 horas
O Instituto Água e Terra (IAT) e a Prefeitura de Curitiba começaram a devolver para a natureza nesta quarta-feira (25) parte dos animais silvestres resgatados pela Polícia Civil do Paraná durante operação que desarticulou um dos maiores grupos de tráfico internacional de animais do País. Cinco pássaros, de quatro diferentes espécies (Azulão, Sabiá-una, Pássaro-preto e Trinca-ferro) foram soltos no Parque Municipal São Francisco de Assis, na capital paranaense. As aves passaram por reabilitação no Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS) de Curitiba.
Outros 41 animais, entre répteis, aracnídeos e aves, que foram encaminhados ao IAT, estão finalizando a fase de avaliações clínicas e exames laboratoriais. Aqueles que estiverem aptos, e pertencerem ao grupo de espécies nativas, também retornarão à natureza nos próximos dias. Outros, vítimas de maus-tratos, exemplares de espécies exóticas ou que não terão mais condições de sobreviver no habitat natural, serão destinados a estabelecimentos credenciados pelo órgão ambiental, como criadouros, zoológicos e mantenedores.
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“Esses animais foram retirados da natureza pelo tráfico e, agora, puderam voltar para o local de onde nunca deveriam ter saído. Passaram por avaliações de biólogos e veterinários, fizeram exames clínicos e sanitários, e estão aptos. Vão aumentar a biodiversidade do Paraná”, afirma a bióloga do Instituto, Jéssica Jasinski, que participou de toda a operação de captura dos animais em apoio à Polícia Civil. “Essa soltura traz um sentimento de alegria, de vitória e de paz”, acrescenta.
A operação policial aconteceu na terça-feira (17), prendeu 16 pessoas em flagrante e resgatou mais de mil animais. A ação ocorreu simultaneamente em 12 cidades do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. As ordens judiciais resultam de uma investigação de dois anos que monitorou grupos virtuais voltados ao tráfico de animais silvestres (da fauna brasileira) e exóticos (de outras partes do mundo). Os crimes investigados são tráfico de animais, maus-tratos, falsificação de documentos públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
“Fica um recado muito claro para os traficantes que aqui no Paraná eles estão sendo monitorados, investigados e serão presos”, diz o delegado-chefe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da PCPR, Guilherme Dias.
Entre os animais traficados estão onças, tucanos, araras, macacos, serpentes, aranhas e dezenas de aves nativas e exóticas.
REDE DE APOIO – A estrutura de apoio à fauna silvestre coordenada pelo IAT é composta pelo Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (CETRAS), localizado no campus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) de Guarapuava; por três Centros de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS), frutos de convênios entre o IAT e instituições de ensino como o Centro Universitário Filadélfia (Unifil), de Londrina; Centro Universitário de Cascavel (Univel), UniCesumar, de Maringá; do CAFS em parceria com Parque das Aves, de Foz do Iguaçu, além do acordo com o instituto ambiental Klimionte, de Ponta Grossa, responsável pelo CETAS (Centro de Triagem e Atendimento a Animais Silvestres).
O CAFS de Curitiba também passará a integrar a rede nos próximos dias – o convênio entre o Estado e a Prefeitura da Capital está em fase final de elaboração. “Esse é o desfecho que sempre buscamos: que o animal possa viver solto na natureza. Cuidamos e deixamos todos aptos para que retornassem agora”, disse o diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba, Edson Evaristo. “A parceria entre CAFS e IAT é bastante relevante. Desde 2019 quase 15 mil animais silvestres já foram socorridos, muitos deles salvos”, destacou.
COMO FUNCIONA – Segundo a Resolução Conjunta Sedest/IAT Nº 3 de 2022, o Centro de Apoio à Fauna Silvestre é um local preparado para receber, identificar, marcar, triar, avaliar, e estabelecer tratamento veterinário para animais acolhidos por órgão ambiental em ações de fiscalização, resgates ou entrega voluntária por particulares.
A permanência dos animais depende do tempo necessário para sua recuperação. O destino pode ser a soltura no habitat natural ou, quando é um risco devolvê-los para a natureza, são encaminhados a criadouros habilitados pelo IAT, ou mantenedores individuais, igualmente habilitados pelo órgão ambiental.
Os atendimentos variam a cada caso, mas consistem na avaliação do animal e, se preciso, o tratamento de doenças, acompanhamento biológico, uso de medicações e curativos e procedimentos cirúrgicos – o que não é uma obrigação das CAFS, mas que podem ser realizados no local. Esse tipo de atenção ajuda a proteger a fauna silvestre e a prevenir o aumento de animais em risco de extinção.
DENUNCIE – Ao avistar animais machucados ou vítimas de maus-tratos, tráfico ilegal ou cativeiro irregular, o cidadão deve entrar em contato com a Ouvidoria do Instituto Água e Terra ou da Polícia Militar do Paraná.