
- Atualizado há 4 horas
Aos 17 anos, o adolescente V.P.I., acolhido na Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) Santa Felicidade, da Fundação de Ação Social (FAS), acaba de conquistar uma importante vitória, a aprovação no vestibular de Educação Física da Universidade Positivo. A conquista representa muito mais do que o ingresso no ensino superior, mas também persistência, amadurecimento e a construção de um novo projeto de vida.
Natural de Curitiba, V. vive desde os 10 anos em acolhimentos mantidos pela Prefeitura. O pai é falecido e ele não tem contato com a mãe. Apaixonado por esportes desde pequeno, V. encontrou no voleibol não apenas um lazer, mas uma perspectiva profissional.
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“Sou fissurado pelo vôlei. Para eu me tornar um atleta de ponta seria um pouco difícil por causa da altura, mas tenho um bom desempenho”, conta o rapaz, que nesta quinta-feira (18/12) participou da festa de Natal oferecida pela FAS para crianças e adolescentes acolhidos.
A escolha pela Educação Física está diretamente ligada a esse sonho. “Quero criar atletas, fazer a formação de outros atletas com o que eu conheço do esporte. Assim poderei trabalhar diretamente com o vôlei”, planeja.
Além do vestibular da Universidade Positivo, V. também fez o Enem, que ainda aguarda o resultado, e tentou uma universidade federal, mas não foi aprovado. A decisão pela Positivo, segundo ele, foi natural. “Gosto da universidade e tenho amigos próximos, que jogam vôlei comigo e estudam lá”, conta.
Além da aprovação, V. conquistou uma bolsa de estudos para cursar a graduação. O curso será ofertado de forma presencial e on-line.
Bolsista do Sesc, V. conta que o ensino médio foi uma fase exigente. “O colégio foi difícil e a gente só entra passando na prova. No começo senti dificuldades, mas me acostumei, amadureci lá dentro”, diz. Segundo ele, a experiência ajudou a direcionar seus planos. “Você cria uma mentalidade voltada para o futuro, já pensando na faculdade e no que quer ser profissionalmente.”
Durante esse período, V. chegou a empreender com um colega também acolhido na UAI. Eles produziam bolos de pote, chegaram a vender para amigos e servidores da FAS e criaram um perfil nas redes sociais, mas o projeto precisou ser interrompido para priorizar os estudos.
V. permanece na UAI Santa Felicidade até o próximo ano. Em agosto, quando completar 18 anos, terá que deixar o acolhimento institucional. Com a transição, ele planeja morar em uma das repúblicas mantidas pela FAS, voltadas a jovens que deixam os acolhimentos e não têm local para morar.
“Quero ter minha vidinha, me organizar, ter meu lugar”, afirma. V. tem uma irmã, de 19 anos, com quem mantém contato frequentemente. Ela chegou a convidá-lo para morar junto, mas ele prefere que a irmã siga sua própria vida.
Para V., a UAI Santa Felicidade tem um papel de destaque em sua vida. “É um lugar que dá bastante apoio. Eles incentivam, conversam bastante com a gente e dizem que precisamos nos esforçar para ter um bom futuro. Eles ajudam e apoiam”, diz.
Para o presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Renan de Oliveira Rodrigues, a história de V. reflete o papel do serviço de acolhimento institucional na proteção e no desenvolvimento de crianças e adolescentes afastados de suas famílias por medida protetiva determinada pela Justiça.
“O acolhimento institucional é uma medida de proteção aplicada em situações de violação de direitos, como abandono, negligência ou violência física, psicológica e até sexual. Nosso trabalho é garantir proteção integral, cuidado e apoio para que crianças e adolescentes possam reconstruir seus projetos de vida e fazer uma transição segura para a vida adulta”, explica.
O Serviço de Acolhimento Institucional integra a Política Pública de Assistência Social e garante proteção integral a crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por medida protetiva. O atendimento é provisório e individualizado, até que seja possível o retorno à família de origem ou a inserção em família substituta.
O afastamento do convívio familiar é sempre uma medida excepcional, aplicada apenas quando há risco à integridade física ou emocional da criança ou do adolescente.
Curitiba conta com oito unidades próprias de acolhimento para crianças e adolescentes. Além disso, a FAS mantém parceria com 14 organizações da sociedade civil, que integram a Rede de Instituições de Acolhimento de Curitiba e Região Metropolitana (RIA). Juntas, as unidades oficiais e parceiras atendem aproximadamente 600 crianças e adolescentes.
*Com informações da Prefeitura de Curitiba