PUBLICIDADE
Curitiba /
SEGURANÇA

“A dor do luto ainda não passou”, diz advogado que representa família de Raíssa durante audiência de instrução

O procedimento ouviu 26 pessoas entre testemunhas de acusação e defesa e é considerado uma etapa fundamental para confirmar se há indícios e materialidade suficientes para levar o caso a júri popular
O procedimento ouviu 26 pessoas entre testemunhas de acusação e defesa e é considerado uma etapa fundamental para confirmar se há indícios e materialidade suficientes para levar o caso a júri popular

Luiz Henrique de Oliveira e Geovane Barreiro

31/10/25
às
14:04

- Atualizado há 10 segundos

Compartilhe:

“A dor do luto ainda não passou.” A frase do assistente de acusação , Leonardo Mestre, resume o sentimento da família de Raíssa Suellen Ferreira da Silva, de 23 anos, durante a audiência de instrução realizada nesta sexta-feira (31), no Fórum de Curitiba. O procedimento ouviu 26 pessoas entre testemunhas de acusação e defesa e é considerado uma etapa fundamental para confirmar se há indícios e materialidade suficientes para levar o caso a júri popular.

Raíssa, natural de Paulo Afonso, na Bahia, foi morta em junho deste ano em Curitiba. O principal acusado é o humorista Marcelo Alves dos Santos, de 40 anos, que confessou ter assassinado a jovem e enterrado o corpo em uma área de mata em Araucária, na Região Metropolitana. O filho dele, Dhony de Assis, também é investigado por participação na ocultação do cadáver e fraude processual qualificada.

Para receber as principais informações do dia pelo WhatsApp entre no grupo do Portal Nosso Dia clicando aqui

Durante a audiência, o advogado que representa a família de Raíssa destacou a importância do momento para esclarecer os fatos e buscar justiça. “Eles comparecem à delegacia e confessam crimes com circunstâncias que se mostraram falsas. A versão não corresponde à verdade. Hoje é mais uma oportunidade para que digam a verdade. O que aconteceu naquela casa é o que queremos saber”, afirmou.

Segundo o representante da família, a expectativa é de que o réu seja pronunciado e que a Justiça avance na responsabilização dos envolvidos. “A dor do luto nunca terminará, porque nunca teremos a Raíssa de volta. Esperamos que os fatos sejam esclarecidos. O luto ainda não passou, e a dor dessa perda é permanente. Não saber o que houve aumenta ainda mais essa dor. Não admitimos que a memória da vítima seja manchada. Raíssa era uma menina boa e trabalhadora.”

Audiência de instrução acontece nesta sexta (Foto: Geovane Barreiro – Nosso Dia)

Denúncia por feminicídio

O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou Marcelo Alves pelo crime de feminicídio e o filho por fraude processual qualificada. De acordo com o promotor André Tiago Pasternak Glitz, o humorista traiu a confiança da vítima e elaborou um plano para atraí-la até sua casa, sob o pretexto de uma falsa proposta de emprego em São Paulo. “Sem que Raíssa soubesse de suas verdadeiras intenções, Marcelo mentiu sobre uma inexistente oportunidade de trabalho, inclusive se oferecendo para levá-la pessoalmente até São Paulo”, afirmou o promotor.

Para o MPPR, o crime foi cometido por motivo de rejeição, após a vítima recusar as investidas do acusado. “O acusado matou Raíssa por não se conformar com a negativa da vítima e com o legítimo exercício de sua autonomia, praticando o crime em menosprezo à sua condição de mulher”, descreve a denúncia.

Marcelo e Dhony são réus pelo crime (Foto: Reprodução)

Após o assassinato, Marcelo e o filho teriam alterado a cena do crime, trocando objetos de lugar e limpando o imóvel para dificultar a investigação. Os pertences e o celular de Raíssa nunca foram encontrados.

Versão da defesa

O advogado de defesa, Caio Percival, afirmou que a versão dos réus permanece “inabalável” e negou que o caso se enquadre como feminicídio. “Até agora, a versão da defesa se mostra firme. Os assistentes de acusação tentaram a prisão do Dhony e não conseguiram, tentaram imputar homicídio e não conseguiram. Não há muito o que fazer pela acusação, porque os réus são confessos”, declarou.

Para a defesa, o crime deve ser enquadrado como homicídio cometido sob violenta emoção. “Deve responder no limite da lei, com o privilégio do domínio de violenta emoção pela injusta provocação da vítima. Não acreditamos em feminicídio”, completou Percival.

O caso

Raíssa desapareceu no dia 2 de junho, após deixar a casa onde morava com amigas, no bairro Portão, em Curitiba, dizendo que viajaria com Marcelo para São Paulo. Foi vista pela última vez entrando no carro do acusado.

O humorista apresentou versões contraditórias à família e à polícia. Uma semana depois, no dia 9 de junho, ele se apresentou à delegacia acompanhado de um advogado e confessou ter matado a jovem e enterrado o corpo em uma cova rasa em Araucária.

A audiência desta sexta-feira marca um passo importante na fase de instrução. A expectativa é de que, nas próximas semanas, o juiz decida se Marcelo Alves será pronunciado e levado a júri popular.

TÁ SABENDO?

SEGURANÇA

© 2024 Nosso dia - Portal de Noticias