- Atualizado há 2 dias
Para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Brasil gasta R$ 5 com doenças causadas pelo fumo, de acordo com o estudo A Conta que a Indústria do Tabaco Não Conta, divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A pesquisa considera a associação entre tabagismo e enfarte, acidente vascular cerebral (AVC), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e câncer de pulmão, e aponta que cada R$ 156 mil de lucro da indústria do tabaco foi equivalente a uma morte em decorrência dessas doenças. Ao todo, o impacto do tabagismo nas contas do País chega a R$ 153 bilhões por ano, sendo R$ 67,2 bilhões gastos com o tratamento das doenças relacionadas ao consumo e R$ 86,3 bilhões em custos indiretos, como perda de produtividade e afastamentos do trabalho.
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As análises foram apresentadas em evento promovido pelo Ministério da Saúde na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília, para lançamento da campanha em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco. A data é celebrada oficialmente em 31 de maio e a campanha seguirá o lema “Sem Cigarro, Mais Vida”.
Para o epidemiologista e pesquisador André Szklo, um dos autores do estudo, mensurar o impacto da comercialização dos produtos da indústria do tabaco sobre os custos atuais para a sociedade brasileira é um passo importante para buscar responsabilização e ressarcimentos. “Uma parcela do lucro obtida com a venda pode ser usada pela indústria do tabaco em ações de estímulo à iniciação de jovens e crianças no tabagismo, a fim de repor usuários atuais que vão adoecer ou falecer. Isso, por sua vez, também vai gerar custos futuros”, destacou em nota.
CRESCIMENTO
O estudo do Inca surge em um momento de atenção para a saúde pública: pela primeira vez desde 2007, o Brasil registrou um aumento importante na proporção de fumantes. Dados preliminares da Pesquisa Vigitel 2024 apresentados no evento revelam que, entre 2023 e 2024, a prevalência de fumantes no País cresceu aproximadamente 25%, passando de 9,3% para 11,6%. Entre as mulheres, a taxa passou de 7,2% para 9,8% (alta de 36%) e, entre os homens, subiu de 11,7% para 13,8% (aumento de 18%).
“Pela primeira vez desde 2007, nós temos um ponto que está ascendente na curva. Isso nunca foi visto”, alertou a diretora de Análise de Doenças Não Transmissíveis do ministério, Letícia de Oliveira Cardoso. Segundo ela, a taxa mostra que novas intervenções são urgentes, especialmente entre os mais jovens.
Em 2023, 9,3% da população brasileira, cerca de 19,6 milhões de pessoas, declarava-se fumante, conforme dados da Pesquisa Vigitel. Naquele ano, 2,1% dos adultos afirmavam usar cigarros eletrônicos e a taxa era ainda maior quando considerados apenas os jovens de 18 a 24 anos – mesmo com esses produtos sendo proibidos no Brasil. Por isso, os cigarros eletrônicos são o principal alvo da atual campanha do ministério, que reforça a necessidade de coibir venda e propaganda.